Vários artigos têm reportado uma diminuição de área global ardida entre o final do século XX e a segunda década do século XXI, embora haja zonas onde os incêndios se têm vindo a intensificar. O clima mais quente e seco e a maior frequência de eventos extremos parecem estar a aumentar a área ardida principalmente nos trópicos, na região boreal e na Austrália.
O clima é um dos fatores que mais influencia o fogo, seja de forma direta (pela temperatura, vento e humidade), ou através do crescimento da vegetação e acumulação de biomassa.
O aumento global da temperatura e os períodos de seca mais prolongados das últimas décadas estão a criar condições favoráveis para incêndios mais severos (mais intensos, de progressão rápida e muito difíceis de controlar). Além disso, o período médio da época de incêndios tem vindo a aumentar nos últimos anos – quase 20% entre 1979 e 2013.
“Em todos os ecossistemas, os incêndios estão a crescer em intensidade e a ampliar-se em termos de alcance. Da Austrália ao Canadá, dos Estados Unidos à China, em toda a Europa e na Amazónia, os incêndios estão a causar danos no meio ambiente, na vida selvagem, na saúde humana e nas infraestruturas.”
É isto que adverte o recente relatório “Fogo Sem Controle: a crescente ameaça de incêndios atípicos em ambientes selvagens”, do UNEP – Programa das Nações Unidas para o Ambiente em parceria com o GRID-Arendal. E deixa o alerta: é provável o aumento global de incêndios extremos – os efeitos das alterações climáticas e alterações de uso do solo serão as causas de incêndios mais intensos e frequentes.
Uma análise das tendências da área ardida (a nível global e regional) e dos fatores que a influenciam mostrou que houve um aumento na duração da época de fogo na maior parte das regiões entre 1979 e 2019, resultante dos efeitos das alterações climáticas.
Existe uma correlação positiva entre a área global ardida e o chamado fire weather – condições de clima que propiciam a ignição e a propagação de incêndios -, especialmente em regiões como o Mediterrâneo, a costa Oeste dos Estados Unidos da América e as florestas de latitudes elevadas (florestas boreais).
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.