Os nossos ministérios deixaram de resolver desafios públicos e passaram a estar concentrados em ação social. O país capitulou, estamos a brincar à caridadezinha e celebramos com orgulho a nossa desgraça e a nossa virtude. Não se resolve nenhum problema, apenas se discute fundos e subsídios – não devia ser a altura de resolvermos os problemas?
O ministério da Agricultura não é apenas da agricultura (a mais nobre atividade produtiva). O nome oficial deste ministério é “Agricultura e da Alimentação”. Nos últimos anos passámos a discutir alimentos e não a forma de a produzir.
O principal problema ambiental do nosso país creio que é unânime. Falta água. E já falta há muitos anos. Quando dizemos que há alterações climáticas, o que se está a dizer é que os fenómenos extremos serão mais frequentes – iremos sofrer secas profundas e chuvas intensas. Há igualmente um consenso alargado que dificilmente conseguiremos inverter esta situação sem causar problemas profundos na nossa forma de vida, isto é, sem aumentarmos a pobreza. É um problema grave. Porém, se este inverno chover, e se com alguma sorte se tivermos muita chuva, vamos deixar essa água toda correr para o mar, porque não executámos o plano de barragens, não fizemos as autoestradas da água que trarão a chuva do norte para o centro e sul, e nem apostámos no plano de barragens do médio Tejo que permitiria um Alqueva no centro do país.
Centrais de dessalinização? Nem a discussão começámos. Vamos dar dinheiro ou conceder empréstimos aos produtores mais aflitos pela seca. […]