ANÁLISE || Alterações climáticas devastaram as reservas de arroz da Índia. Agora, a sua proibição de exportação pode agravar uma crise alimentar global. Mais de três mil milhões de pessoas em todo o mundo dependem do arroz como alimento básico e a Índia contribui com cerca de 40% das exportações mundiais de arroz.
Harayana, Índia (CNN) – Satish Kumar está sentado em frente ao seu arrozal submerso no estado indiano de Haryana, olhando com desespero para as suas colheitas arruinadas.
“Sofri uma perda tremenda”, diz o agricultor da terceira geração da sua linhagem, que depende exclusivamente do cultivo do cereal para alimentar a sua jovem família. “Não poderei cultivar nada até novembro.”
As sementes recém-plantadas estão debaixo de água desde julho, depois das chuvas torrenciais que assolaram o norte da Índia, com deslizamentos de terras e inundações repentinas que varreram a região.
Kumar disse que há anos que não assistia a cheias desta dimensão e que se viu obrigado a contrair empréstimos para replantar novamente os seus campos. Mas esse não é o único problema que ele está a enfrentar.
No mês passado, a Índia, que é o maior exportador de arroz do mundo, anunciou a proibição de exportar arroz branco não-basmati, numa tentativa de acalmar a subida dos preços no país e garantir a segurança alimentar. Em seguida, a Índia impôs mais restrições às suas exportações de arroz, incluindo uma taxa de 20% sobre as exportações de arroz parabolizado.
A medida desencadeou receios de uma inflação alimentar a nível mundial, prejudicou a subsistência de alguns agricultores e levou vários países dependentes do arroz a solicitarem isenções urgentes da proibição.
Mais de três mil milhões de pessoas em todo o mundo dependem do arroz como alimento básico e a Índia contribui com cerca de 40% das exportações mundiais de arroz.
Os economistas afirmam que a proibição é apenas a mais recente medida para perturbar o abastecimento alimentar mundial, que tem sofrido com a invasão da Ucrânia pela Rússia e com fenómenos meteorológicos como o El Niño.
E Alertam para o facto de a decisão do governo indiano poder ter repercussões significativas no mercado, com os pobres dos países do Sul Global a sofrerem as consequências.
Agricultores como Kumar dizem que o aumento dos preços de mercado provocado pelas más colheitas também não lhes traz benefícios.
“A proibição vai ter um efeito adverso para todos nós. Se o arroz não for exportado, não teremos um preço mais elevado”, afirmou Kumar. “As cheias foram um golpe de morte para nós, agricultores. Esta proibição vai acabar connosco”.
Perturbador para todos
O anúncio abrupto da proibição de exportação desencadeou um pânico de compras nos Estados Unidos, tendo o preço do arroz disparado depois disso para um máximo de quase 12 […]