Se tivéssemos que eleger um vinho expecional, de uma casta quase desparecida e provado nas últimas semanas, seria este Tinta Miúda da Herdade Grande, no Alentejo.
Os produtores apresentam os seus vinhos ao longo do ano, mas entre o final de Outubro e início de Dezembro carregam no acelerador com eventos de manhã, ao meio-dia, à tarde e à noite, convencidos de que as contas serão salvas entre o Natal e o Ano Novo (e se calhar são). Em consequência, os jornalistas desenvolvem um sistema de filtros em que a prioridade é aceitar as provas que, em tese, darão boas histórias. Mas se por cada dia de provas um jornalista tiver que, num cenário bem conservador, provar dez garrafas, estará ele a dar a devida atenção a todos esses vinhos? Não nos parece. Todavia, os produtores não se interessam com estas minudências. Eles querem é o maior número possível de jornalistas, de bloggers ou escanções nos seus eventos. O resto é conversa. Sim, os jornalistas reclamam. E sim, os produtores prometem mudar, mas, para o ano, tão certo como o Natal ser a 25 de Dezembro, tudo se repetirá.
Ora, se a este cenário juntarmos os vinhos que são enviados para as redacções, é fácil concluir que uma quantidade considerável de vinhos fica, infelizmente, fora do radar da prova. Não é que o jornalista falte ao respeito a quem quer que seja. Ele pura e simplesmente tem limites físicos para provar e avaliar vinhos de gente que trabalha com seriedade. É só isso. Mas, claro, por vezes as surpresas acontecem.
Com a […]