Os protestos de agricultores hoje na região espanhola da Catalunha estão a bloquear acessos ao mercado abastecedor de Barcelona e ao porto de Tarragona e a cortar estradas de ligação a França.
Esta terça-feira é o oitavo dia consecutivo de protestos de agricultores em Espanha contra as políticas e regulamentos europeus para o setor da agricultura, tal como está a acontecer noutros países.
Os maiores protestos de hoje em Espanha estão a decorrer na Catalunha, no nordeste do país, convocados pela associação catalã União de Agricultores.
Colunas de tratores em marcha lenta percorreram desde o início da manhã várias estradas da Catalunha, em direção centros logísticos, como o mercado abastecedor de produtos frescos de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola.
Dois dos três acessos ao mercado Mercabarna, incluindo o principal, foram bloqueados pelos agricultores.
Também foram cortados por tratores acessos ao porto de Tarragona, no Mediterrâneo, a maior porta de entrada em Espanha de cereais importados.
Várias estradas estão cortadas na região, incluindo a autoestrada AP-7, perto da fronteira com França, por onde passam milhares de camiões diariamente que fazem transportes de e para o resto da Europa.
Na quarta-feira da semana passada, milhares de tratores invadiram as ruas do centro de Barcelona, num dos maiores protestos dos agricultores em Espanha.
Fora da Catalunha há hoje estradas cortadas por agricultores nas regiões espanholas de Andaluzia, Extremadura e Castela La Mancha.
Na Cantábria, no norte de Espanha, houve uma concentração de agricultores, a pé, que cortou momentaneamente o acesso ao porto de Santander.
As associações de agricultores em Espanha têm convocados mais cerca de 40 protestos em todo o país até ao final de fevereiro, segundo um calendário de manifestações atualizado na segunda-feira.
Um dos dias com mais protestos organizados pelas três grandes confederações de agricultores deverá ser na quarta-feira, para quando estão agendadas “tratoradas” (manifestações com tratores) em 12 cidades espanholas, incluindo em locais como o porto de Motril (Granada, no sul do país) e um mercado abastecedor de Madrid (Mercamadrid).
Além das confederações, a associação União de Uniões (UDU) anunciou um calendário próprio de protestos, com destaque para uma “tratorada” em 21 de fevereiro em Madrid, em frente da sede do Ministério da Agricultura.
Na Catalunha, a organização União de Agricultores convocou também protestos em vários pontos da região para os próximos dias.
As manifestações da semana passada, quando foram em maior quantidade e de maior dimensão, foram também convocadas na Internet, por plataformas informais, à margem das associações agrícolas.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) e mais apoios para o setor.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a retirada da proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia, que é também um dos alvos dos protestos dos agricultores.