Pelo menos 66 pessoas foram detidas hoje em Paris após agricultores terem bloqueado o trânsito em torno do Arco do Triunfo com fardos de palha e tratores, declarou a polícia francesa.
Os agricultores chegaram de trator ao Arco do Triunfo, local de homenagem aos soldados mortos em combate e localizado na famosa avenida de Campos Elísios, por volta das 06:00, no horário local (05:00 em Lisboa) e interromperam brevemente o trânsito, segundo a polícia.
“Mobilizados por todos, os agricultores da (sindicato) Coordenação Rural estão concentrados em Paris. Uma ação rápida para salvar os nossos 45% de explorações agrícolas em dificuldades financeiras”, afirmou a organização sindical nas redes sociais.
O protesto mobilizou cerca de 150 manifestantes, que se reuniram na praça Charles de Gaulle – conhecida como praça da Estrela, devido à convergência de 12 grandes avenidas da capital francesa e onde se localiza o Arco do Triunfo -, confirmaram fontes da polícia à rádio pública France Info.
Iniciada de madrugada, a manifestação no Arco terminou por volta das 09:40, no horário local (08:40 em Lisboa), segundo um jornalista da agência de notícias AFP.
Além deste protesto, a Coordenação Rural prevê também hoje cortar algumas estradas, como a A86 e a A4 sudeste de Paris.
Outras ações ocorreram em outros lugares perto de Paris: quatro tratores bloquearam uma saída do anel viário e outros foram posicionados em outro acesso a esta via que circunda a capital, segundo a polícia.
“Um comboio de tratores dirige-se ao Palácio de Versalhes”, a poucas dezenas de quilómetros de Paris, onde serão aguardados por uma força da polícia, acrescentou a mesma fonte.
A mobilização deste sindicato, que está associado à direita e à extrema-direita, ocorre após a presença no sábado do Presidente francês, Emmanuel Macron, na Feira Internacional da Agricultura, que se realizou em Paris e é o mais importante evento desse tipo no mundo.
Macron foi à Feira para realizar a sua inauguração, como é tradição dos Presidentes franceses, mas foi recebido com forte rejeição, com vaias e alguns incidentes violentos entre a polícia e os agricultores.
O Presidente – que permaneceu por horas no evento, com um forte dispositivo de segurança – reuniu-se com dezenas de representantes do setor da agricultura para explicar as medidas que o seu Executivo planeia e assim tentar acalmar os ânimos.
Macron também acusou o grupo que causou os incidentes mais graves de estar no local por razões políticas, especificamente associadas à extrema-direita de Marine Le Pen, e não para defender os interesses do setor, que nos últimos meses tem realizado protestos em França e em outros países europeus.