O ministro da Agricultura de Espanha, onde há oito dias consecutivos se manifestam os agricultores, com cortes de estradas e bloqueios de centros logísticos, chamou as confederações agrícolas do país para uma reunião na quinta-feira.
Segundo revelou hoje o Ministério da Agricultura, Luis Planas vai reunir-se em Madrid com os representantes das três maiores organizações agrícolas de Espanha (Asaja – Associação Agrária Jovens Agricultores, UPA – União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG – Organizações de Agricultores e Ganadeiros).
O ministro já se reuniu, em 02 de fevereiro, com as três organizações, que após o encontro decidiram manter os protestos que tinham anunciado dias antes, contra as políticas e regulamentos europeus para o setor da agricultura, como a Política Agrícola Comum (PAC).
Após a reunião de 02 de fevereiro, o ministro Luis Planas garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na PAC da União Europeia (UE) que estejam “em linha” com os interesses dos agricultores espanhóis.
Luis Planas considerou ainda que Bruxelas, com anúncios recentes para responder aos protestos de agricultores, “está a chegar muito tarde” e avançou com uma proposta “muito ajustada às necessidades” do país que a reivindicou, numa alusão a França.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
O ministro espanhol reconheceu “a sucessiva acumulação” de regras e burocracia da PAC e de outras normas europeias e defendeu uma simplificação.
Segundo o ministro, várias das questões em debate neste momento em França e noutros países “estão resolvidas” em Espanha.
No entanto, admitiu que “há muito por fazer em transição agroecológica” para as explorações agrícolas serem rentáveis, sobretudo num contexto de aumento de temperaturas e menos chuva.
O ministro comprometeu-se a continuar a ouvir o setor e sobre os acordos comerciais da UE com outros países e regiões do mundo, outro alvo dos protestos dos agricultores, prometeu “seguimento estrito” dos contingentes de importações.
O governo espanhol defende a aplicação das designadas “cláusulas espelho” para as importações de países de fora da UE, ou seja, que se apliquem as mesmas regras e exigências aos produtos importados que se aplicam para a produção dentro do espaço europeu.
Esta terça-feira é o oitavo dia consecutivo de protestos de agricultores em Espanha.
Os maiores protestos de hoje estão a decorrer na Catalunha, no nordeste do país, com bloqueios dos principais acessos ao maior mercado abastecedor de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola, e ao porto de Tarragona (a maior porta de entrada de cereais importados em Espanha).
Os agricultores cortaram também diversas estradas, incluindo algumas de ligação a França.
Fora da Catalunha há hoje estradas cortadas por agricultores nas regiões espanholas de Andaluzia, Extremadura e Castela La Mancha.
Na Cantábria, no norte de Espanha, houve uma concentração de agricultores, a pé, que cortou momentaneamente o acesso ao porto de Santander.
As associações de agricultores em Espanha têm convocados mais cerca de 40 protestos em todo o país até ao final de fevereiro, segundo um calendário de manifestações atualizado na segunda-feira.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, têm saído à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE) e mais apoios para o setor.