O principal sindicato dos agricultores franceses apelou hoje à manutenção da mobilização, no oitavo dia de bloqueios em França e depois do primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, ter anunciado medidas como o fim do aumento do gasóleo agrícola.
“O que foi dito esta noite não acalma a insatisfação, temos de ir mais longe”, frisou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau.
Para o sindicalista, os anúncios do primeiro-ministro francês, destinados a apaziguar os agricultores, foram “demasiado curtos” e “não corresponderam” a todas as expectativas.
Em alguns pontos, como o gasóleo não rodoviário, os anúncios “vão na direção certa”.
Mas, no geral, as medidas “não respondem a todas as perguntas colocadas”, insistiu Rousseau, citando em particular os problemas ligados à Ucrânia, a “transposição excessiva” em França das normas ambientais europeias e a reforma dos agricultores.
Continuar a mobilização é “uma decisão difícil, mas necessária”, frisou o líder sindical, que anunciou ainda uma reunião com o primeiro-ministro francês este sábado de manhã.
Gabriel Attal anunciou hoje o cancelamento do “aumento do gasóleo agrícola não rodoviário” planeado em França e anunciou “dez medidas de simplificação administrativa”, em resposta à indignação dos agricultores do país.
Depois de criticar “aqueles que se opõem à defesa dos agricultores e à defesa do ambiente”, Attal acedeu a uma das principais reivindicações dos manifestantes: o cancelamento do aumento, embora registado no orçamento de 2024, do imposto sobre gasóleo agrícola não rodoviário, que aumentaria gradualmente até 2030.
O chefe do Governo prometeu ainda um “choque de simplificação” administrativo com “dez medidas imediatas de simplificação”.
Sobre esta medida apontou, em particular, a “limpeza de cursos de água agrícolas” ou “prazos de recurso contra projetos agrícolas”.
Além disso, a França “opõe-se à assinatura” do controverso acordo comercial entre a União Europeia e os países latino-americanos do Mercosul, assegurou Attal.
O Mercosul e a UE negociam há anos este acordo que esbarra em questões ambientais, denunciadas, em particular pelos agricultores franceses, pelo risco de concorrência desleal dos produtos sul-americanos.
O governante defendeu também a aplicação adequada das leis francesas que visam proteger os rendimentos dos agricultores no contexto das negociações com fabricantes e supermercados.
“Nos próximos dias”, o governo irá “sancionar fortemente” três empresas que não respeitam estas leis, anunciou Attal, que também prometeu um reforço dos controlos.
O primeiro-ministro anunciou também um esforço para fornecer ajuda de emergência rápida, especialmente no que diz respeito à doença hemorrágica epizoótica (EHD), para a qual o reembolso pelo Estado francês para cuidados veterinários aumenta de 80% para 90%.
Esta doença, transmitida por mosquitos, afeta principalmente cervos e bovinos. A grande maioria dos surtos concentra-se nos Pirenéus-Atlânticos e nos Altos Pirenéus (sudoeste).
Estes anúncios surgem num momento em que os agricultores aumentam a pressão sobre o executivo: o acesso a Paris foi particularmente perturbado hoje e as autoestradas continuam bloqueadas.