O presidente da Câmara de Ponte da Barca exigiu hoje a reavaliação dos limites de armazenamento de água estabelecidos no contrato de concessão do Alto Lindoso e um estudo de impacto ambiental face ao “histórico” baixo nível daquela barragem.
“Temos desenvolvido, permanentemente, contactos quer com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), quer com a EDP. A situação é preocupante, tanto na albufeira da barragem hidroelétrica do Alto Lindoso, como na de Touvedo”, afirmou hoje Augusto Marinho.
Contactado pela agência Lusa, o autarca daquele concelho do distrito de Viana do Castelo referiu que a barragem do Alto Lindoso “tem uma cota de 340 metros de água, registando na quarta-feira uma capacidade de armazenamento de água de 289 metros”.
“Há um diferencial de cota de cerca de 50 metros. As margens do rio Lima que estavam submersas que agora estão a olho nu. Impõe-se uma avaliação dos limites dos contratos de concessão e a autarquia quer estar envolvida nesse trabalho, quer saber qual o impacto na albufeira de Touvedo”, afirmou.
Segundo o autarca social-democrata, “a cota mínima da albufeira de Touvedo é de 48 metros e, na quarta-feira, estava com 47,5 metros”.
Explicou que a albufeira de Touvedo “é uma barragem de contenção, que serve para regular o nível do caudal do rio, quando a barragem do Alto Lindoso faz descargas, mas também tem captações de água para consumo humano”.
“Quero estar descansado que não há impacto ambiental, nomeadamente na qualidade da água para consumo humano”, sustentou.
Augusto Marinho assegurou que, atualmente, a qualidade da água está garantida, como comprovam “quer as análises realizadas pela empresa Águas do Norte, quer as efetuadas pela Câmara Municipal”.
“Não há qualquer alteração na qualidade da água. A água é de boa qualidade, mas é preciso assegurar que assim continue”.
“É este o momento para analisarmos se os limites estabelecidos nos contratos de concessão são os adequados ou não. Nesta matéria, a autarquia que ter uma palavra a dizer”, insistiu.
Augusto Marinho adiantou que as duas barragens “apresentam, desde março último, uma capacidade inferior à média normal” e que em “outubro e novembro” o município iniciou “contactos junto da APA e da EDP por verificar baixos níveis de água armazenada”.
“Na altura fomos informados que estava a ser criada capacidade de encaixe de água para o inverno, mas o inverno foi pouco chuvoso e a seca veio agravar a situação”, explicou.
O autarca adiantou que o município desenvolve, regularmente, campanhas de sensibilização da população para a necessidade do uso eficiente de água, mas, face à situação atual, vai intensificar as ações.
A albufeira da barragem hidroelétrica do Alto-Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respetivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
A barragem foi projetada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia elétrica.
Tal como já tinha acontecido em anos anteriores, como em 2021, os valores “anormalmente baixos” de armazenamento de água desde a sua construção voltaram a trazer à luz dia a aldeia de Aceredo, no concelho galego de Lobios (Espanha).
Em 1992, com a construção da barragem pela EDP, aquela aldeia foi submersa pelas águas, fazendo desaparecer cerca de 40 casas, ocupadas na altura por cem habitantes, além de vários hectares de produção agrícola.
Com esta descida histórica do nível da água, Aceredo ressurgiu e, nos últimos meses, tornou-se local de visita de portugueses e galegos.
Nas redes sociais são inúmeros os registos fotográficos de visitantes ao que resta da antiga aldeia, como é o caso de fonte deitava água.