O presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco, com sede em Castro Verde (Beja), disse hoje que a seca está “a agravar-se” nesta região, colocando em causa a produção de cereais e a alimentação do gado.
“A situação de seca está a prejudicar as culturas e as pastagens e é deveras preocupante”, reconheceu à agência Lusa José da Luz Pereira, presidente da associação.
O denominado Campo Branco abrange os concelhos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos municípios de Aljustrel, Mértola e Ourique, todos no distrito de Beja.
Nesta região alentejana, predomina a produção de cereais em sequeiro e a pecuária extensiva. A falta de chuva tem vindo a agudizar problemas há muito sentidos entre os agricultores.
“Com o tempo seco e vento, a situação tem vindo a agravar-se, porque não há humidade e nada favorece o desenvolvimento das plantas, pelo contrário”, explicou o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB).
Um quadro que coloca “em causa” as produções de cereais de outono/inverno, mas também as futuras pastagens para alimentação do gado, reconheceu.
“Desde setembro [de 2021] que os animais estão a ser alimentados ‘à mão’, ou seja, a comer concentrados, rações, fenos, silagens ou palha, o que por norma só acontecia a partir desta altura”, indicou José da Luz Pereira.
A situação é ainda mais grave porque “as rações estão a subir de preço todos os dias e as palhas e os fenos estão praticamente esgotados nas explorações” agrícolas, acrescentou.
Tudo isto levou o presidente da AACB a reconhecer que o futuro “é uma incógnita total”, admitindo que os agricultores desta região podem “correr o risco” de vir a ter, em 2022, um ano “de produção zero”.
Perante este possível cenário, José da Luz Pereira pediu que sejam “tomadas medidas” para uma situação “que se verifica nas áreas de sequeiro do Alentejo, mas também nas Beiras e por aí acima”.
“É o futuro da nossa agricultura que está em questão”, alertou.
Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava, no final de dezembro, em situação de seca fraca, tendo-se registado uma ligeira diminuição na classe de seca severa e um aumento na seca moderada, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) do IPMA, no final de dezembro, mais de metade do território (57,7%) estava em situação de seca fraca, 27,3% em seca moderada, 8,7% em seca severa e 6,3% normal.
Os dados indicam também que Portugal continental se mantinha, no final de dezembro, em situação de seca meteorológica em quase todo o território. A seca meteorológica está diretamente ligada ao défice de precipitação, quando ocorre precipitação abaixo do que é normal.