A Roménia solicitou hoje ao Governo ucraniano uma solução para limitar as exportações de cereais para o seu país, ao mesmo tempo que determinou controlos mais apertados no transporte destes produtos agrícolas que transitam pelo seu território.
O ministro da Agricultura romeno, Petre Daea, manteve hoje uma reunião por vídeoconferência com o seu homólogo ucraniano, Mikola Solsky, a quem levantou a necessidade de encontrar uma fórmula o mais rapidamente possível para reduzir os volumes de produtos agrícolas que chegam à Roménia provenientes da Ucrânia, de acordo com a agência de notícias romena Agerpres.
Para evitar que os produtos agrícolas ucranianos em trânsito para outros países acabem no mercado nacional, as autoridades romenas decidiram selar essas remessas e monitorizar o trânsito dentro do país, acrescentou Daea.
À semelhança de outros países da região, existe na Roménia a preocupação com o impacto que a concorrência de grandes volumes de produtos ucranianos que entram sem tarifas ou impostos podem ter no setor agrícola nacional, devido aos preços consideravelmente inferiores aos que os produtores nacionais podem oferecer.
A situação levou a Polónia, Hungria, Eslováquia e Bulgária a proibirem temporariamente a importação de cereais da Ucrânia, uma medida que a Comissão Europeia (CE) qualificou de “inaceitável” por ser “unilateral”.
O primeiro-ministro romeno, Nicolae Ciuca, garantiu hoje que, nesta matéria, o seu país atuará sempre em consulta com Bruxelas e de acordo com as orientações da comunidade.
A União Europeia (UE) aprovou em 22 de julho um acordo para estabelecer os chamados “corredores humanitários” para permitir a entrada de cereais da Ucrânia e evitar uma crise alimentar.
Mas parte dos produtos ucranianos acabou nos mercados comunitários, provocando fortes quedas de preços nos países da região, onde os cereais se acumulam cada vez mais em silos, o que tem provocado protestos dos agricultores.
A presidente da CE, Ursula von der Leyen, destacou hoje, numa carta dirigida a cinco países afetados, a necessidade de enfrentar estes desafios com uma “abordagem europeia”.
Além disso, anunciou que a CE vai apoiar a Polónia, Eslováquia, Bulgária, Hungria e Roménia, com um total de 100 milhões de euros para compensar os prejuízos sofridos.
Este apoio soma-se aos 56,3 milhões previamente aprovados para Varsóvia, Sofia e Bucareste.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 420.º dia, 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.