A Câmara de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, manifestou hoje preocupação com “a incompreensível derrapagem dos prazos” para o início da construção do circuito hidráulico e respetivo bloco de rega do Alqueva no concelho.
Em comunicado, o município realçou que o processo de intenção da construção deste circuito hidráulico começou, em 2014, com a publicação em Diário da República do procedimento concursal para o projeto de execução e estudo de impacte ambiental.
“Contudo, passados mais de oito anos e após muitas promessas, a sua construção continua a ser um sonho por cumprir”, lamentou.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, indicou que “está um concurso a decorrer” e que em “poucas semanas” será apresentado o respetivo relatório preliminar.
“Houve uma análise mais demorada pelo facto de terem existido variantes”, já que, neste concurso público, “os construtores podiam apresentar alternativas relativamente a algumas técnicas construtivas”, alegou.
José Pedro Salema admitiu que, antes de ser lançado este primeiro concurso, houve “um conjunto de atrasos que foi motivado por algumas indefinições sobre o financiamento”, salientando que essas incertezas “estão ultrapassadas”.
O concurso que está a decorrer e a que se referiu o presidente da EDIA diz respeito à 1.ª subfase Bloco de Rega do Peral da 1.ª Fase do Circuito Hidráulico de Reguengos de Monsaraz, cuja empreitada tem um valor base de 17,5 milhões de euros.
Também em declarações à Lusa, a presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, Marta Prates, eleita pelo PSD, disse que o município alentejano está “extremamente preocupado com a construção do circuito hidráulico”.
“Os nossos agricultores e produtores de pecuária têm culturas para regar e animais para dar de beber e continuam a ver o Alqueva ao lado das suas propriedades, são vizinhos do Alqueva e, mesmo assim, não conseguem tirar de lá uma gota de água”, afirmou.
Assinalando que “a agricultura é o motor económico do concelho”, a autarca social-democrata vincou que o setor aguarda pelo início das obras de construção das infraestruturas e “está a ver o tempo a passar”.
Marta Prates realçou que a ministra da Agricultura, quando visitou o concelho em maio de 2022, prometeu que, “se as empreitadas tivessem sido todas lançadas até final de 2023, os agricultores teriam água nos hidrantes no final de 2025”.
“Se a primeira empreitada ainda nem está iniciada e Reguengos de Monsaraz só entra na quarta subfase, portanto, estamos a ver o tapete a fugir-nos debaixo dos pés”, sublinhou, manifestando-se solidária com os agricultores do concelho.
No comunicado, o município explicou que o circuito hidráulico é composto por duas fases: a primeira, que é subdividida em três subfases, e a segunda, que integra duas subfases.
As empreitadas do Bloco de Rega do Peral e Rede Primária, da Rede Primária da Vigia, Estação Elevatória e reservatórios da Bragada e da Furada e da duplicação dos sifões na adução Álamos – Loureiro constituem as três subfases iniciais.
A segunda fase abarca as subfases do Bloco de Rega de Reguengos de Monsaraz e o Bloco de Rega da Vendinha e Montoito.