A Rede das Aldeias Vinhateiras de Portugal, um projeto que visa valorizar o mundo rural e impulsionar o turismo, conta já com cerca de 200 freguesias e vai ser constituída oficialmente na quinta-feira, em Santarém.
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), José Arruda, explicou que esta rede nacional de aldeias e freguesias em territórios com tradição vitivinícola, olivícola e corticeira pretende contribuir para a valorização do património, fomentar o desenvolvimento sustentável e impulsionar o turismo de forma integrada em todo o território nacional.
“Esta rede é lançada peça AMVP. A associação neste momento tem 122 municípios de todo o país, um número bastante elevado de municípios. Este ano tivemos uma adesão de 20 municípios e a ideia é ter uma rede de aldeias, freguesias ligadas ao setor do vinho, do azeite e corticeiro”, disse.
José Arruda contou que o projeto – uma ideia que surgiu há alguns anos – é inspirado na experiência da rede de aldeias vinhateiras do Douro, que teve início em 2010.
“São seis aldeias e nós, a partir dessa experiência, achámos que era interessante haver a nível nacional um projeto que pudéssemos levar a todo país, porque nos fomos apercebendo de que de facto existem nas nossas freguesias, nas nossas aldeias, muitas iniciativas ligadas às áreas do vinho e gostaríamos […] de dar a conhecer o que existe na aldeias quer em termos de produção, de produtores de vinho ou de azeite, do que existe na restauração, no turismo rural, nos museus, nos queijos, nas padarias”, salientou.
De acordo com o secretário-geral da AMVP, pelo país fora existem dezenas de iniciativas que não são articuladas, nem comunicadas devidamente.
“Nós procuramos através destas redes poder depois ter uma comunicação do que se faz e dar a conhecer aquilo que é a oferta muito genuína e ligada à nossa cultura e às nossas tradições”, disse.
O projeto vai ficar integrado numa secção dentro da própria AMPV, à semelhança de outras secções, como a dos museus do vinho.
“Para termos uma ideia, nos nossos 122 municípios temos 1.780 freguesias. Não são todas com grande vocação para o setor do vinho, mas grande parte dessas freguesias estão muito ligadas à vertente vinícola e existem muitas iniciativas pelo país fora que são organizadas pelas freguesias”, disse.
Segundo José Arruda, a rede está ainda no primeiro patamar e em 2023 será então o arranque efetivo com uma série de ações a divulgar.
“Neste momento estamos a fazer o levantamento dos que querem participar no projeto. Temos cerca de 200 freguesias de todo o país. Temos freguesias muito rurais e outras mais urbanas, como, por exemplo, Bucelas, em Loures, ligada à área do vinho, e também Carcavelos, em Cascais, com o vinho de Carcavelos. Temos vários tipos de ofertas e que serão complementares”, destacou.
O secretário-geral da AMVP disse também que com esta rede se pretende criar um projeto nacional integrado e estruturado que possa “sustentar a elaboração de candidaturas para captação de financiamento para requalificar e dinamizar as aldeias”.
“Estamos a trabalhar no sentido de podermos ter candidaturas de âmbito regional. A tipologia da nossa rede será começando das freguesias, indo aos municípios e depois às 14 regiões vitivinícolas do país. Vamos procurar, em termos regionais, fazer candidaturas para a reabilitação das próprias aldeias e para a promoção de eventos”, realçou.
Estão também a ser preparados alguns projetos ligados à gastronomia tradicional.
Na quinta-feira vai ser feita a aprovação e integração das Freguesias e Aldeias Vinhateiras na Secção da Rede das Freguesias/Aldeias Vinhateiras de Portugal da AMPV, a eleição do Grupo Coordenador da Secção e a apresentação das iniciativas previstas para 2023, no Cine-Teatro Sá da Bandeira.