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– 19-08-2010 |
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Quase 100 mil hectares de regadio público ultrapassaram o seu tempo de vida �tilV�o ser precisos mais de 30 milhões de euros para recuperar e requalificar apenas oito das 49 infra-estruturas hidroagr�colas que se encontram obsoletas ou degradadas. Cerca de dois teráos dos 25 aproveitamentos hidroagr�colas colectivos constru�dos e equipados pelo Estado no continente nos anos 60 do s�culo passado, para fornecer �gua a quase 100 mil hectares de regadio, atingiram o seu tempo de vida �til. Esta informação está expressa num estudo elaborado pela Direc��o-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), entidade que gere os sistemas de regadio nacionais. O documento acentua que h� equipamentos de rega que se encontram em situa��o de "colapso total" e que nestas condi��es "não � poss�vel garantir o fornecimento de �gua aos benefici�rios" de rega de norte a sul do país. Assim, "torna-se essencial que se d� cada vez mais aten��o" � necessidade de interven��o nestes aproveitamentos de modo "a assegurar a sua renova��o", adianta o estudo. A dimensão das anomalias detectadas imp�e uma interven��o que garanta a continuidade do regadio nos sistemas a necessitar de urgente recupera��o ou requalifica��o, mas, como os recursos financeiros "são escassos", terá de haver "escolhas criteriosas" por parte da Autoridade Nacional do Regadio (ANR). Mesmo assim, a "Opera��o de Reabilita��o das Infra-estruturas Agr�colas", financiada pelo Programa de Desenvolvimento Rural (Proder), exige um investimento superior a 30 milhões de euros, quando inicialmente estavam previstos 21 milhões de euros. A ANR vistoriou 49 situa��es correspondentes a 15 aproveitamentos, mas s� oito infra-estruturas hidroagr�colas � que v�o ser sujeitas a obras de recupera��o ou de requalifica��o, em função da verba disponibilizada no Proder. Aos sinais de degrada��o que apresentam os sistemas de regadio de norte a sul do país junta-se o abandono progressivo de áreas de rega. Jos� N�ncio, presidente da Federa��o Nacional de Rega (Fenareg), d� o alerta: "Em 1989 existiam no continente 650 mil hectares de terras regadas. Em 2007 foram utilizados 422 mil hectares." Em pouco mais de sete anos deixaram de ser cultivados 234 mil hectares de regadio, uma quebra substancial que dificilmente será atenuada com os 110 mil hectares do sistema de Alqueva que estar�o prontos até final de 2012, mas onde j� � patente a baixa procura das culturas regadas, quando está conclu�da cerca de metade da área a regar que o projecto engloba. O 3.� Congresso Nacional de Regadio, realizado em Beja no passado m�s de Maio, deixou claro que o modelo até aqui seguido para o regadio terá de ser reequacionado. O ex-ministro da Agricultura, Armando Sevinate Pinto, durante a sua interven��o no evento destacou que o país "está longe de atingir patamares razo�veis na gestáo da �gua e do regadio" e sugeriu aos utilizadores deste modelo agr�cola e � tutela que devem "priorizar-se" os regadios existentes em detrimento de novos sistemas. Também a nível. mundial a situa��o não � melhor. Rui Fragoso, docente na Universidade de �vora, sublinhou que, s� na segunda metade do s�culo XX, o Banco Mundial "apoiou a constru��o por todo o mundo de 45.000 barragens" para dar apoio a 389 milhões de hectares de regadio. No entanto, este modelo tinha dois pressupostos que acabaram por "asfixiar" o sistema. Incentivou o crescimento da procura, de que resultaram para o presente "impactes ambientais tremendos", a um ponto tal que nos anos 80 "o modelo entrou em crise", observou o docente, frisando que "hoje j� não se defendem este tipo de investimentos" na medida em que a maior parte deles tem custos sociais elevados, expressos na "diminui��o da oferta de �gua, a par do aumento da sua procura", salientou. Fonte: público
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