Custos disparam e produtores já não conseguem absorver estas subidas, acabando por se refletir no consumidor final. CAP lamenta que nenhum partido assuma a defesa do setor.
O aumento de custos já se fazia sentir, mas a guerra da Ucrânia veio provocar subidas ainda maiores, encarecendo a produção (com o aumento do preço da farinha e, logo, das rações) e o transporte dos produtos (após as subidas dos preços da energia e do combustível), o que inevitavelmente terá de repercutir-se nos preços das carnes ao consumidor. A justificação é dada ao Nascer do SOL pelos criadores de gado, que dizem estar confrontados com ‘uma tempestade perfeita’: «É inevitável o aumento de preço, e terá, infelizmente, impacto no consumo, o que poderá dar lugar à sua redução», afirma a Apicarnes – Associação Portuguesa de Industriais de Carnes.
E a associação vai enumerando o que foi sentido em termos de subidas. «Aumentaram os fatores de produção de forma muito significativa, nomeadamente: materiais de embalagem, matérias-primas, as várias fontes de energia, gás – um aumento superior a 300% – eletricidade e combustíveis – que aumentaram 300%».
Uma lista que vai crescendo, de acordo com Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). «O gasóleo, que é a principal fonte de energia utilizada na agricultura, subiu na ordem dos 43% face ao ano passado. A energia subiu entre 50 a 150%, também os adubos aumentaram uma brutalidade, o mesmo aconteceu com as rações, logo o preço da carne vai ter que subir. Os animais não se alimentam do ar, alimentam-se com rações que atingiram máximos como nunca tinham sido antes atingidos. Também o transporte para levar os animais para os matadores subiram, o mesmo acontece com a frigorificação. Como é que o preço final não iria subir? Tem de subir», refere ao nosso jornal.
Para a Apicarnes, estes aumentos de custos não deixam alternativa aos produtores: «Caso contrário, haverá certamente consequências nefastas para a sustentabilidade económica de algumas empresas». E os problemas não ficam por aqui. «Mesmo que a guerra acabe hoje, o seu impacto na produção de matérias-primas e cadeias logísticas será sentido durante vários anos. Numa palavra: inflação. Poderemos ter estagflação, o que é ainda pior para os consumidores e empresas».
Uma opinião partilhada por Luís Mira: «Não há outra hipótese, quem é que vai suportar o aumento de tudo isto? O produtor? A pessoa do matador ou do talho? O do restaurante? Não pode». E chama a atenção para o facto de o mercado estar a trabalhar em cima de uma escalada de preços. «A inflação está a subir. Ainda no mês passado disparou para 7,2% no mês passado, isso mostra que tudo vai aumentar».
Esquecidos pelos partidos
O responsável admite mesmo que o próprio transporte dos produtos já representa uma verdadeira dor de cabeça. «Por exemplo, quero contratar o […]