7.10.2019
Agora que já servi o jantar às cornélias e ainda faltam uns minutos para o meu que também mereço, vamos lá ao “poste” político que prometi ontem.
1. Comentário às eleições: O PAN teve 3% dos votos, o que significa que 97% dos eleitores querem continuar a comer carne de vaca e outros pitéus da nossa gastronomia. E ainda tenho esperança que 97% dos eleitores do PAN, se tiverem oportunidade de comparar a verdade dos factos com aquilo que lhes contaram revejam a sua posição (ou não leram nem contaram, como a nova deputada que não sabia qual era o ordenado mínimo que o partido propunha no programa). E pode ser que mudem ou que mude o partido e seja menos animalista e mais ecologista-realista.
2. Ainda na Pré-campanha, segundo noticia da agencia lusa veiculada a 8 de setembro no Porto Canal, “ presidente do município de Vila Real, Rui Santos, desafiou no sábado o líder do Partido Socialista, António Costa, a deslocalizar o Ministério da Agricultura para fora de Lisboa” para o interior. Eu se fosse presidente da câmara também gostava de ter o conselho de ministros no meu município todas as semanas, talvez o ministro até ficasse mais perto do que em Lisboa, mas não, obrigado. Como agricultor, quero o meu ministro (ou ministra, e ficamos por aqui, que outras modernices iriam dar sarilhos com a malta do campo), como ia a dizer, quero o ministério em Lisboa, no Terreiro do Paço, já tem lá as placas, o pessoal da secretaria treinado e não se gasta dinheiro com mudanças. Quero o meu ministro a par do ministro do ambiente para lhe bater o pé quando for preciso e não chegar atrasado ao conselho de ministros porque teve um furo no IP3. Ou uma ministra sem vergonha de exigir dinheiro ao ministro das finanças, que fica do outro lado da rua, mesmo que ele lhe responda baixinho em conselho de ministros “Ó menina, não-há-dinheiro, qual destas palavras não entendeu?” Se tiver experiência e conhecimento do setor, melhor. Mais importante é ter peso político, ser respeitado e respeitar os agricultores. E depois pode tirar tempo para sair do ministério e visitar o país, cá estaremos para o receber, como recebemos de todos os partidos. Quando produzimos leite ou batatas, também trabalhamos para alimentar todos da extrema-esquerda à extrema-direita.
3. A 31 de Agosto, numa publicação do Facebook, o meu amigo agrónomo e blogger José Martino já dizia “parece que o PS quer colocar a agricultura debaixo do chapéu do ambiente”. Hoje, em comunicado, a Confagri considera essencial a manutenção do Ministério da Agricultura e da comissão de Agricultura na AR. Senhor Primeiro-ministro, não invente! Passos Coelho já experimentou isso há 8 anos, juntou agricultura e ambiente com a mania de poupar dinheiro reduzindo ministérios e depois voltou atrás, que Assunção Cristas não tinha mãos a medir com tanto assunto, entre rendas e eucaliptos! Só para lidar com Bruxelas, em tempo final de reforma da PAC (a única política verdadeiramente europeia) vai metade do tempo! Segurança alimentar, desenvolvimento rural, florestas, são assuntos vastos que exigem atenção. A agricultura merece um ministério. Ajustem alguma coisa, se necessário, mas não inventem! Não nos deem já razões para meter os tratores na rua! Agora que já desabafei vou jantar. Bom apetite para vocês também e não se esqueçam, “se comeu hoje, agradeça aos agricultores”.
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