A falta de dados fez com que os quatro anos do projeto de investigação não fossem suficientes para responder a duas questões: quais as melhores plantas a plantar em Portugal? E há mercado? Mesmo assim os dados obtidos permitem perceber que é possível conseguir colorantes passíveis de serem utilizados na indústria. Falta agora testar mais espécies e descobrir uma forma de reduzir os custos associados à exploração.
É preciso continuar a investigar e prolongar o grupo operacional. Esta foi a principal conclusão da apresentação preliminar dos resultados do Grupo Operacional Tinturaria Natura, evento que reuniu, ontem, investigadores do projeto, mas também os responsáveis das explorações agrícolas encarregados da produção das plantas tintureiras e ainda membros da indústria têxtil nacional.
A utilização das plantas no tingimento dos tecidos não é algo novo. Trata-se de uma arte que já era mencionada no Antigo Egito, mas que, perdeu terreno quando surgiram os colorantes sintéticos. E, apesar de em mercados como a França ter ressurgida, em grande parte pela existência de um consumidor mais consciente e exigente, em Portugal está quase que apenas restringida a pequenos artesãos. Com a agravante de não haver documentação. Isto obrigou a que o Grupo Operacional Tinturaria Natura tivesse de começar do zero. Ou seja, escolher algumas espécies de plantas tintureiras, plantá-las para ver a sua reação ao solo e clima português. A falta de dados fez com que até mesmo a parte da plantação e germinação fosse um teste porque não há (havia) informação que permitisse saber quais as espécies que teriam melhores resultados.
A escolha das plantas a testar nas duas produções que participaram no grupo, a Aroma do Vale em Barcelos) e a Vila Bita em Almodôvar, incidiu, numa tentativa de obter as cores primárias: amarelo, azul e vermelho. A escolha recaiu em sete plantas diferentes: a Genista tinctoria (giesta-dos-tintureiros), a Indigofera tinctoria (índigo), a Isatis tinctoria (pastel-dos-tintureiros), a Reseda luteola L. (lírio-dos-tintureiros), Rubia tinctorum (ruiva-dos-tintureiros), Serratula tinctoria (serratula), e a Sorghum vulgare (sorgo). Acontece que nem todas tiveram os mesmos resultados. Aliás, nem todas tiveram resultados positivos. Isso foi demonstrado, através de uma apresentação técnica por técnicas do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Os testes efetuados permitiram detetar que coisas aparentemente tão simples como não enterrar a semente, a altura da plantação ou o número de sementes plantados faz toda a diferença. Isso e, como foi referido por Luís Sá e Melo, da Aroma do Vale, o […]