Um estudo internacional liderado pela investigadora do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED), Elsa Lamy, analisou as alterações no comportamento alimentar durante o primeiro confinamento.
Um dos grandes destaques é que aumentou o consumo de hortícolas, frutas frescas e lacticínios no grupo de pessoas com maior escolaridade e mais motivadas pela saúde. No inverso da moeda, também aumentou o consumo de alimentos doces, como bolos e bolachas, principalmente em países desenvolvidos e sobretudo no grupo de pessoas em que as motivações ligadas à busca de prazer e conforto, nos alimentos, é maior.
Em comunicado, a Universidade de Évora, entidade envolvida no estudo, revela que as principais motivações percebidas para impulsionar a ingestão alimentar foram a familiaridade e o gosto, identificando-se dois clusters diferentes, com base na frequência de consumo alimentar, os quais foram classificados como “mais saudável” e “não saudável”.
As pessoas que tiveram condições vão cozinhar mais em casa, aumentam o consumo de hortícolas e até consomem mais alimentos em comércio de proximidade, notou ainda a investigação.
“A formação é essencial na promoção de uma alimentação saudável. A escolaridade, para além de contribuir para esta formação contribui também para maior segurança económica e menos ansiedade e isso reflete-se em menor necessidade de alimentos ‘de conforto’, como são os alimentos altamente palatáveis”, nota Elsa Lamy.
É importante verificar que as alterações alimentares nestas circunstâncias “não devem ser generalizadas a toda a população observando-se variações em sentido diferente, consoante os fatores que motivam o consumo”, sublinha.
 
O estudo teve como base 3.332 respostas recolhidos em 16 países, sendo 72,8% na Europa, 12,8% na África, 2,2% na América do Norte (EUA) e 12,2% na América do Sul.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.