Onze veados vão ser libertados na quinta-feira no Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC), no âmbito de um plano do município de Cascais, do distrito de Lisboa, para a reflorestação e reconversão paisagística daquela área verde.
“Amanhã vamos libertar 11 veados, dez fêmeas e um macho. Será um primeiro grupo de veados que se irão juntar num cercado que tem cerca de 240 hectares, onde já estão, em regime de pastoreio livre, burros mirandeses e cavalos Sorraia”, explicou à agência Lusa o arquiteto João Melo, técnico da Câmara de Cascais responsável pelo projeto de renaturalização do PNSC.
O projeto de reflorestação e reconversão paisagística do PNSC surgiu na sequência do incêndio florestal de outubro de 2018, que consumiu perto de 50 hectares deste “pulmão” verde do distrito de Lisboa.
“Houve a necessidade de olhar para o território e para a escala da paisagem. Há várias dinâmicas que se têm de complementar, como a proteção das pessoas, a valorização ecológica do território e também a dinâmica económico-social, nomeadamente através da reativação de algumas áreas agrícolas”, apontou.
João Melo referiu que nesse âmbito estão a ser introduzidos no PNSC animais que já habitaram este habitat há centenas de anos e que “são essenciais para manter o equilíbrio da fauna e da flora” desta área.
“Eles [animais] têm o papel de serem consumidores de biomassa e de transformarem essa biomassa em matéria orgânica. Têm, por isso, este papel de reduzir a biomassa, o risco de incêndio e aumentar a complexidade do ecossistema”, explicou, acrescentando que “mais animais serão atraídos ao PNSC.
Também neste âmbito de gestão do Parque Natural Sintra-Cascais foi conseguido um financiamento de três milhões de euros ao abrigo do programa europeu Life, com um horizonte temporal de seis anos.
A redução do risco de incêndio é, no entender de João Melo, uma das vantagens da reconversão paisagística do PNSC, que “deverá ser continuamente monitorizada”.
“Os fogos rurais fazem e irão fazer parte da paisagem mediterrânea. O que nos interessa é reduzir a sua intensidade, a sua severidade e, naturalmente, a sua frequência. Há aqui uma complementaridade que é interessante e que estamos a trabalhar”, sublinhou.
O Parque Natural de Sintra-Cascais, com uma área de 14.580,84 hectares, estende-se do limite norte do concelho de Sintra, junto à foz do rio Falcão, para sul até à Cidadela de Cascais.
De acordo com informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), foram identificados neste espaço mais de 200 espécies de vertebrados, nomeadamente 33 de mamíferos, mais de 160 de aves, 12 de anfíbios, 20 de répteis e nove de peixes de água doce.
No PNSC encontra-se também uma floresta primitiva com quase todas as espécies de quercus, nomeadamente o carvalho-roble e o carvalho-negral.
É possível também encontrar espécies de eucalipto, pinheiro bravo, choupo, salgueiro e acácia.