Segundo as estimativas dos demógrafos, o planeta Terra tem atualmente uma população superior a oito mil milhões de pessoas. O número não me surpreendeu porque, ao longo dos últimos anos, quando alguém queria motivar a audiência numa palestra para agricultores, começava por explicar que em 2050 teremos nove mil milhões de bocas para alimentar e, portanto, à medida que aumentar a procura, os alimentos e o trabalho dos agricultores deverão ser mais valorizados.
Sempre encarei isso com muito cepticismo face à evolução dos preços dos produtos agrícolas no produtor, nomeadamente no setor do leite. Senti muitas vezes que estavam a tentar colocar à nossa frente a cenoura pendurada no pau amarrado às nossas costas, para não desanimarmos. Nos últimos meses finalmente o preço do leite subiu, acompanhando os custos de produção, mas ainda é cedo para perceber se vai estabilizar em preços decentes ou regredir como aconteceu em 2009.
Há 200 anos, quando a terra teria cerca de mil milhões de habitantes, Thomas Malthus, clérigo, economista e matemático inglês, considerado o pai da demografia, observando o crescimento exponencial da população e prevendo um aumento limitado da capacidade de produzir alimentos, avisou que ia faltar a comida para todos se não houvesse controlo da população. As suas previsões não se concretizaram porque entretanto o desenvolvimento científico e tecnológico aumentou a capacidade de produzir comida de tal forma que hoje podemos alimentar estes 8 biliões de pessoas. É certo que muita gente passa fome mas isso tem mais a ver com guerras e injustiças do que com falta de comida no mundo, porque noutros locais há fartura e desperdício.
Foram o trabalho, o estudo e a investigação que nos ajudaram a aumentar a produção agrícola, a reduzir a mortalidade infantil e aumentar a esperança média de vida. Às vezes cometem – se erros e excessos, mas o caminho é por aí. Estudar, investigar e trabalhar.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.