A empresa multinacional de investimento em vinhos finos Oeno Group triplicou as estimativas iniciais de investimento em Portugal este ano e está a estudar a abertura uma loja em breve, adiantou o presidente executivo, Michael Doerr.
Quando anunciou a entrada no mercado português este ano, previa investir cinco milhões de libras (5,8 milhões de euros) nos primeiros 12 meses, mas a estimativa aumentou para 15 milhões de libras (17,5 milhões de euros).
Este investimento inclui não só a compra de vinhos finos portugueses, mas também os custos da entrada da marca em Portugal e de captação de investimentos de residentes no país.
“Queremos muito mostrar aos investidores e colecionadores portugueses que existe esta nova categoria de ativos, uma nova maneira de ganhar dinheiro no mercado, e oferecer-lhes um ótimo serviço”, disse em entrevista à agência Lusa.
A consultora portuguesa de vinhos Martins Wine Advisor, de Cláudio Martins, representa o grupo em Portugal e no Brasil.
Fundada em 2017 pelo especialista em vinhos Daniel Carnio, a Oeno propõe-se “tornar o mercado dos vinhos raros acessível a todos os investidores” e é apresentada como “a única empresa de ‘fine wines’ do mundo que integra a Wine & Spirit Trade Association (WSTA)”.
A sede é em Londres e tem escritórios em França (Bordéus), Itália (Toscânia), Estados Unidos (Nova Iorque), Espanha (Madrid) e Alemanha (Munique).
No próximo mês vai abrir no antigo edifício da Bolsa de Valores de Londres a primeira loja física chamada OenoHouse, tendo planeadas mais aberturas em Miami, em 2022, Europa e Ásia.
O objetivo é criar uma atração para os enófilos provarem e comprarem vinhos raros e famosos de todo o mundo, oferecendo também uma plataforma para algumas marcas se promoverem, como a Penfolds, Domaine de la Romanee-Conti e Liber Pater.
“Será que vai haver uma OenoHouse em Portugal em breve? Não vou dizer nem sim nem não, mas é provável”, admitiu o responsável à Lusa.
O conceito da OenoHouse é tentar oferecer uma experiência mais informal dos vinhos finos, à semelhança do que a Oeno está a fazer com os investidores privados de média dimensão.
“Há 5-10 anos o investimento em vinho era mantido escondido entre as elites verdadeiramente super-ricas, que ganharam muito dinheiro”, conta Doerr.
A Oeno, acrescentou, quer “ser a ponte e possibilitar ao investidor médio, que talvez tenha apenas 100.000 euros em investimentos privados e que queira colocar 10.000 euros de lado para investimento em vinho”.
Em 2020, o OenoGroup registou um volume de negócios de 20 milhões de libras (23 milhões de euros) e um lucro de 2,5 milhões de libras (três milhões de euros), um aumento de 200% face a 2019 devido ao crescente interesse em alternativas aos mercados de valores tradicionais, que podem “desvalorizar se o Elon Musk ou o Donald Trump dizem alguma coisa”.
Apesar de o braço comercial, que vende vinhos para restaurantes e hotéis de luxo, ter sido bastante afetado porque os restaurantes e hotéis estiveram fechados, a pandemia covid-19 acabou por ter um impacto positivo no ramo de investimento.
“O nosso ramo de investimento de colecionadores quadruplicou nos últimos 9-12 meses, porque as pessoas estão a olhar para o mercado de ações ou outros investimentos e há muita volatilidade. O mercado de vinhos é conhecido como um porto seguro para bons retornos”, justificou.