Em Sousel no Monte do Ganhão o queijo, numa das etapas de produção, é virado todos os dias. Dá voltas e voltas, tal como a vida. A pandemia travou alguns projetos da empresa que ainda quer retomá-los. “Já passámos por outras crises. É um ciclo”.
Dulce chegava da escola e preferia ir ter com o pai António que andava à volta dos borregos. Célia gostava mais de ir para a queijaria. Desde pequenas habituaram-se a ajudar os pais nestas tarefas e tomaram-lhe o conhecimento e o gosto. Hoje são as irmãs que estão à frente da queijaria Monte do Ganhão, na zona industrial de Sousel. O pai continua a cuidar dos hectares de pastagem e dos animais. Mas, “não fazemos nada sem lhe perguntar”, confidencia-nos Dulce Ganhão.
Pai e avô já faziam queijos, mas de vaca. Em 1975, acabado de casar, o pai comprou um pequeno rebanho de ovídeos e atirou-se à experiência de fazer queijo de ovelha. “E foi aí que começou a história do Monte do Ganhão”, relata a filha Dulce, contando que a partir de então o queijo de ovelha se tornou a especialidade da casa, tendo já amealhado vários prémios. “O melhor do melhores” foi a distinção, em 2020, do queijo curado envelhecido no X Concurso Nacional de Queijos de Cura, organizado pela Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. Um produto saído da queijaria na zona industrial de Sousel, inaugurada em junho de 2018, após um investimento de 1 milhão de euros. Até essa data, os queijos do Monte do Ganhão eram produzidos na “velha” queijaria, no centro da vila alentejana do concelho de Portalegre. Uma queijaria nascida em 1985 semi-industrializada, que acabou desativada em 2018 quando a família a transportou para a zona industrial da terra.
E de uma capacidade de produção de 120 mil queijos por mês passou para os 300 mil, uma quantidade ainda não alcançada. A pandemia apanhou o Monte do Ganhão em aceleração, e quase com essa meta a ser atingida. Mas 2020 trouxe travão na produção, que ainda não foi retomada na plenitude. Dulce Ganhão garante que até fevereiro de 2020 o negócio foi “sempre a crescer”, tendo 2019 sido, mesmo, o melhor ano de sempre em termos de vendas, cujo montante, no entanto, não é revelado.
Os queijos são vendidos no retalho e no canal horeca (restaurantes, cafés) e o Monte do Ganhão tem uma pequena loja própria. Nos primeiros meses da pandemia, o negócio foi cortado de forma significativa. As lojas alimentares continuaram a trabalhar, mas mesmo essas,