A Jornada Mundial da Juventude e o Banco Alimentar Contra a Fome apelaram hoje aos peregrinos para colocarem os alimentos que não consomem, desde que embalados, em caixas criadas para o efeito, para serem distribuídos por quem necessita.
As duas entidades adiantam em comunicado que estabeleceram uma parceria contra o desperdício alimentar e lançaram a campanha com o mote “Não desperdice: Partilhe!” (“Don’t waste: Share!”), dirigida aos jovens de todo o mundo que participam no encontro religioso, com a presença do Papa Francisco.
A campanha pretende “chamar a atenção, de forma ativa, para uma questão que só poderá ser minorada com a vontade de todos”.
Neste sentido, apelam aos peregrinos para que coloquem todos os alimentos que não sejam consumidos, e estejam devidamente embalados, em caixas especificamente concebidas para o efeito que serão, de seguida, recolhidos pelo Banco Alimentar e devidamente verificados para garantir a segurança alimentar, e encaminhados para pessoas com carências alimentares comprovadas.
“O desperdício alimentar é uma realidade com valores tão elevados que surpreendem e chocam qualquer pessoa: todos os anos, um terço da produção alimentar é desperdiçada no mundo, segundo os dados da Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e a Agricultura (FAO)”, referem as entidades, sublinhando que “a realidade do desperdício é um contrassenso do ponto de vista económico, ambiental e social e tem merecido a atenção de muitos agentes de vários setores”.
Mobilizando jovens de todo o mundo, salientam as organizações, a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, que se realiza entre os dias 01 e 06 de agosto e onde são esperados 1,5 milhões de peregrinos, “é uma boa oportunidade para sensibilizar de forma construtiva, para que todos se unam neste encontro agregador e possam aceder a ideias e sugestões para contrariar o desperdício alimentar”.
Para Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, uma das entidades fundadoras do Movimento Unidos Contra o Desperdício, “esta pode vir a ser uma das principais lutas mundiais, a par de outras estruturantes, como a fome ou a preservação do ambiente, até porque o desperdício alimentar acaba por convergir em ambas”.
“No caso da destruição de comida que está em bom estado e que pode ser consumida, trata-se até de uma injustiça, quando há pessoas que dela carecem para viver. O alimento é um bem de consumo diferente de todos os outros precisamente porque é essencial para a vida”, salienta Isabel Jonet, citada no comunicado.
Para Carmo Diniz, do Comité de Organização Local da JMJ Lisboa 2023, “as palavras do Santo Padre, na encíclica Laudato Sí, acerca da Cultura do Cuidado são inspiradoras e são o motor para este trabalho com o Banco Alimentar contra a Fome”.
“Com a consciência de que quando cuidamos do mundo com um sentido de solidariedade habitamos uma casa comum que Deus nos confiou, agradecemos toda a disponibilidade e empenho colocados nesta iniciativa do Banco Alimentar contra a Fome”, sublinha Carmo Diniz.
Na Europa, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desaproveitados anualmente, com um custo estimado de 143 mil milhões de euros. Em Portugal, embora não existam dados oficiais, estima-se que um milhão de toneladas de alimentos são deitados para o lixo, o que daria para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no país.