O abastecimento alimentar em Portugal não está comprometido por causa da crise dos cereais, mas o país quer passar a produzir 38% do que consome. Esta segunda-feira, a ministra da Agricultura visitou vários campos de cereais no baixo Alentejo e ouviu as preocupações dos produtores.
Na propriedade da família dos irmãos Piedade e João Maria, na freguesia de Salvada, no concelho de Beja, este ano, optou-se por semear mais cereais, além de várias outras culturas. Não foi uma decisão fácil, atendendo ao aumento dos custos de produção.
“Os custos aumentaram bastante”, refere à Renascença, João Maria, adiantando que foi necessário “fazer bem as contas”, por causa do “brutal” aumento “da água, eletricidade e dos adubos”.
Apesar de tudo, valeu a pena o risco. Nesta propriedade, com 300 hectares, a cultura dos cereais ocupa metade, cerca de 150 hectares.
“Só encontramos campos como este, graças ao regadio, pois o ano foi muito difícil para os agricultores por causa da falta de chuva e, aqui, conseguimos, através da conjugação de vários fatores, obter uma produção de qualidade”, refere, André Soares, técnico da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches que apoia mais de dois mil associados, em diferentes zonas do distrito de Beja.
“Esta seara de trigo duro”, aponta, “foi semeada em 18 de janeiro e a perspetiva de produção anda à volta dos cinco a seis mil quilos”, esclarece o profissional.
A cooperativa agrícola promoveu esta segunda-feira uma visita ao terreno, em parceria com o Clube Português dos Cereais de Qualidade, com passagem por vários campos de trigo e cevadas, e campos de ensaio de sequeiro e regadio.
Na dianteira da comitiva automóvel, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, ao lado do antigo dirigente da ANPOC, a associação nacional que representa os produtores de cereais, ouviu de Carpinteiro Albino, preocupações e dúvidas que permanecem no horizonte dos agricultores num tempo de muitas incertezas. […]