A edição de DNA tem vindo a ser celebrada pelo seu potencial no desenvolvimento de novos medicamentos, mas a edição de RNA – uma alternativa ainda pouco conhecida – começa também a ter um lugar de destaque.
O RNA pode ser considerado o irmão mais novo do DNA. Desde o início, os acontecimentos marcantes relacionados com o RNA surgiram mais tarde e atraíram menos atenção do que os do DNA. Por exemplo, a descoberta da estrutura do DNA foi publicada pela primeira vez em 1953; a descoberta correspondente da estrutura do RNA foi publicada três anos depois, em 1956. As descobertas das polimerases seguiram o mesmo caminho. As DNA-polimerases foram isoladas em 1956 e as RNA-polimerases em 1959.
E no que diz respeito à utilização da tecnologia de edição de ácidos nucleicos em aplicações terapêuticas, o DNA está mais uma vez na liderança. Desde que o sistema CRISPR de edição de genes foi trazido para a linha da frente pelas cientistas Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier em 2012, a tecnologia tem entusiasmado a imaginação de investigadores, farmacêuticos e investidores. Por exemplo, para além de estimular o desenvolvimento de aplicações terapêuticas, o sistema CRISPR tem sido utilizado para mitigar as alterações climáticas e combater a insegurança alimentar.
As primeiras tecnologias de edição de DNA surgiram na década de 1990, mas as tecnologias de edição de RNA só começaram a ser comercializadas recentemente, apesar de terem sido observadas pela primeira vez provas da ocorrência de edição de RNA na natureza há quase 40 anos. Um dos primeiros avanços na tecnologia de edição de RNA ocorreu em 2012, quando investigadores descobriram que ligando enzimas a cadeias de RNA modificadas podiam alterar as sequências das moléculas de RNA mensageiro nas células.
Nos últimos anos, a edição de RNA tem vindo a ganhar força. De acordo com Paul Bolno, CEO da Wave Life Sciences, “esta tendência deve-se, em parte, a um reconhecimento crescente de que a edição de RNA é tratável”. Ou seja, “é uma tendência que reflete o que as pessoas vêem como tratável”.
As empresas de RNA mais antigas estão a desenvolver programas de edição de RNA e estão a ser criadas novas empresas apenas com base em plataformas de edição de RNA. Por seu lado, a Wave Life Sciences apresentou recentemente o primeiro pedido de ensaio clínico para uma terapia de edição de RNA, a entrar brevemente em desenvolvimento clínico.
Mais um passo em frente. Infelizmente, a legislação não consegue acompanhar tantas mudanças.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.