Não é segredo que a Rússia de Vladimir Putin expandiu a sua influência em África nos últimos anos, mais do que qualquer outro ator externo. Os compromissos têm sido aprofundados e vão desde a criação de laços com o Norte de África e a região do Sahel, passando pela República Centro-Africana, chegando ao Sul de África, reacendendo as chamas da Guerra Fria. Que implicações terão os apoios económicos e militares da Rússia a países africanos?
A abordagem russa: aproveitamento da desconfiança africana e a entrada do Grupo Wagner
A Rússia é um país distinto de tantos outros, apostando numa estratégia cheia de irregularidades: implantação de mercenários, desinformação, interferências eleitorais, apoios em golpes de Estado, fornecimento de armas, treino militar… tudo isto para obter recursos e outros benefícios, promovendo uma ordem mundial diferente dos sistemas políticos democráticos.
O continente africano, constituído por 54 nações, vive com desconfiança pelo mundo ocidental. O motivo? O período colonial.
Vladimir Putin, ao saber disso, e uma vez isolado pelas sanções impostas pela Europa e pelos EUA, aproveitou o passado colonial do Ocidente e a sua condescendência para com África para cortejar o continente.
O cortejo tem sido feito ao longo dos anos com apoio militar e paramilitar, nomeadamente com a mobilização de forças do Grupo Wagner em África, satisfazendo assim as necessidades de países como Mali, República Centro-Africana, Líbia e Sudão.
À custa das nações africanas, Putin e Prigozhin (o líder do Grupo Wagner) acabaram por […]