O vereador socialista na Câmara de Arcos de Valdevez João Braga Simões defendeu hoje ser “imperioso” iniciar o processo de emparcelamento do minifúndio como forma de combater os incêndios no concelho, e propôs a criação de uma taxa turística.
Numa nota de imprensa a propósito da intervenção feita na reunião camarária de hoje, João Braga Simões defendeu que “o emparcelamento do território é uma transformação necessária e positiva” para travar os incêndios no concelho que “recorrentemente tem mais incêndios e área ardida do distrito” de Viana do Castelo.
O socialista considera ainda que, se o turismo, a paisagem e a natureza são “os principais trunfos” do concelho, “então é justo que este setor dê o seu contributo para a sua manutenção”, pelo que sugere a criação de “uma taxa turística municipal, com um valor razoável e adaptado à realidade do concelho”.
A taxa, sustenta, “poderá servir para financiar projetos de gestão agroflorestal, preservação da paisagem e proteção das espécies arborícolas autóctones”.
Trata-se de “uma iniciativa com duplo benefício: promoção turística e proteção da floresta contra incêndios”, observa.
Por outro lado, diz, “é imperativo iniciar o processo de emparcelamento do território”.
“É necessário adaptar o pequeno minifúndio, dar-lhe a infraestrutura e acessibilidades e garantir-lhe viabilidade económica e investimento externo, com plena proteção e benefício para os pequenos proprietários das parcelas de terrenos. E esse trabalho é da Câmara”, defendeu.
Para o vereador, a estratégia da autarquia, centrada no combate aos incêndios “é comprovadamente uma estratégia que falha” sem uma “gestão eficaz do território, trabalho de sapa, apoio às populações nas suas atividades agropastoris tradicionais que são, de fato, o que mantém o território e a sua paisagem”.
“Mas também é necessário inovar nas propostas, criar condições para que o concelho se torne atrativo naquele que é um setor incontornável para as nossas características geográficas, o setor primário, agrícola e florestal”, afirmou.
A 04 de setembro, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves (PSD), pediu ao secretário de Estado da Proteção Civil o “reforço de policiamento e investigação” para travar os fogos com “origem criminosa” que têm assolado o concelho.
“Tudo indica que é fogo intencional e de origem criminosa pelas circunstâncias em que ocorreu, a hora a que ocorreu, a forma como o fogo evoluiu. A informação que me vão dando é que será essa a origem deste e de muitos outros. Temos de ter uma ação concertada de forma que se consiga travar estas pessoas que têm intenções que são efetivamente criminosas”, afirmou à agência Lusa.
O autarca disse existir “um número muito elevado de incêndios” no concelho, sendo que “a esmagadora maioria, segundo o sentimento geral, tem origem criminosa”.
Também o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez disse, na ocasião, que o elevado número de incêndios registados todos os anos no concelho é “uma falha grave” que merece “reflexão por todos os que constituem a Proteção Civil”.
“Ano após ano, Arcos de Valdevez continua a ser destacadamente o concelho com o maior número de incêndios a nível nacional. É raro falhar a medalha de ouro nesta trágica estatística. Há assim uma falha grave que tem de ser objeto de reflexão por todos os que constituem a Proteção Civil, principalmente a nível municipal”, afirmou Germano Amorim, citado numa nota hoje enviada à imprensa.
Germano Amorim defende um “reforço significativo do financiamento, a montante e a jusante, em Arcos de Valdevez, que se encontra em pleno Parque Nacional Peneda Gerês (PNPG)”.
O executivo de Arcos de Valdevez é composto por cinco eleitos do PSD e dois do PS.