O Presidente da República disse hoje estar em “contacto permanente” com o ministro da Administração Interna por causa do incêndio que deflagrou em Odemira e salientou que é preciso dar resposta “a uma devastação tão grande”.
“Estou em contacto permanente com o senhor ministro da Administração Interna, conhecemos uma acalmia e está a fazer-se agora o ponto de situação em relação a Odemira. Também falei com o senhor presidente da Câmara Municipal Odemira mais uma vez e vou falar com, pelo menos, mais um membro do Governo”, indicou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava à TVI e RTP numa praia do Algarve, considerou que “agora do que se trata, além de floresta, é de agricultura e turismo”.
O chefe de Estado salientou que “houve uma grande solidariedade” que “foi espetacular”, com “agricultores que ajudaram agricultores, municípios vizinhos que ajudaram este município”.
“Mas agora é preciso arregaçar as mangas e ver como se põe no eterno a resposta a uma devastação tão grande”, alertou.
O Presidente da República indicou que o “problema em Odemira, além do vento, foi a temperatura, falta de humidade e a dificuldade, pelo relevo, pela orografia, responder”, mas considerou que, “mesmo assim a resposta foi a que foi possível nessas circunstâncias”.
Considerando que “hoje o dia infelizmente é quente demais”, Marcelo Rebelo de Sousa disse esperar que “não haja muitos destes dias, porque conviria manter uma certa quebra de temperatura”.
Questionado sobre as declarações do presidente da Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais (AGIF), que motivaram um pedido de demissão por parte da Liga dos Bombeiros, o chefe de Estado disse que não acompanhou “muito bem” a situação, mas indicou que “tem havido uma preocupação do ministro da Administração Interna de aquietar a Liga dos Bombeiros”.
“Penso que o presidente da AGIF de imediato pediu desculpa e admitiu que não tinha saído bem”, apontou, salientando que “fundamental é estarmos todos unidos e continuarmos unidos não só neste período, porque o problema dos incêndios é ao longo de todo o ano”.
O incêndio que deflagrou no sábado no concelho alentejano de Odemira e entrou nos municípios de Monchique e Aljezur (Faro) ainda mobilizava esta manhã quase 1.000 operacionais e seis meios aéreos, mesmo estando dominado desde quarta-feira.
O incêndio, que foi dado como dominado na quarta-feira, ainda mantém vários pontos preocupantes, sobretudo na frente sul, pelo que os bombeiros deverão manter-se no terreno nos próximos dias, disse fonte da Proteção Civil num ‘briefing’ realizado na quarta-feira.
A área ardida provocada por este incêndio abrange cerca de 8.400 hectares, num perímetro de 50 quilómetros.
O incêndio destruiu pelo menos duas casas, uma de primeira habitação no Vale Juncal, em São Teotónio, concelho de Odemira, e outra, que será uma casa de férias, na zona da Boavista, em Odeceixe, concelho de Aljezur.
As chamas destruíram igualmente uma unidade de turismo rural, também no Vale Juncal, com os proprietários a queixarem-se da falta de assistência dos bombeiros.
Na terça-feira, a Liga dos Bombeiros Portugueses entregou ao primeiro-ministro uma carta a exigir a demissão do presidente da agência de gestão dos fogos rurais, Tiago Oliveira, alegando uma “quebra irrecuperável de confiança” após este ter questionado no parlamento, em julho, o facto de os “corpos de bombeiros receberem em função da área ardida”, considerando o “objetivo perverso”.
No mesmo dia, o ministro da Administração Interna recusou comentar esta exigência dos bombeiros, explicando apenas que compreendeu as explicações de Tiago Oliveira.