O coordenador de florestas da organização ambientalista ANP/WWF, Vasco da Silva, considera a Lei Europeia de Restauro da Natureza a “grande oportunidade” para aprovar medidas de prevenção de risco de incêndios.
Medidas que podem ser para recuperação de áreas ardidas, ou recuperação de áreas degradadas e conservação de ecossistemas degradados, formas que previnem os riscos de incêndio, disse o responsável em declarações à Lusa.
Vasco da Silva falava a propósito da apresentação do relatório “Restaurar para Prevenir”, hoje divulgado e que traça uma panorâmica dos incêndios na Península Ibérica e aponta soluções para os minimizar. É uma parceria das duas estruturas ibéricas da organização ambientalista internacional “World Wide Fund for Nature” (WWF), a WWF Espanha e a Associação Natureza Portugal (ANP/WWF).
A Lei Europeia de Restauro da Natureza, aprovada no mês passado, estabelece que todos os países da União Europeia tenham um Plano Nacional de Restauro.
Um Plano Nacional de Restauro, defendeu o responsável nas declarações à Lusa, deverá ter medidas concretas baseadas em ciência, que seja reconhecido pelas entidades que o vão implementar e supervisionar, e que seja reconhecido também pelos cidadãos, organizações de ambiente e de desenvolvimento local, e ainda por empresas e indústria.
Vasco da Silva destacou que a prevenção “é o caminho” na luta contra os incêndios mas também é fundamental que tal se faça restaurando a natureza, que se criem mais áreas agrícolas e de pastorícia, seja em Portugal seja em Espanha.
Na luta para a redução dos incêndios, defende a WWF da Península Ibérica no documento, é preciso investigar as causas e motivações para os fogos, para “melhor adaptar as soluções aos conflitos sociais reais e evitar a deflagração de incêndios com causas evitáveis”.
Depois é preciso também sensibilizar para os riscos, recuperar a ligação das pessoas à floresta, incluir o ambiente rural e o problema dos incêndios nos currículos escolares.
E também melhorar a eficácia na identificação dos autores dos crimes, “bem como na aplicação efetiva e exemplar de sanções e penas para dissuadir os autores dos incêndios e pôr termo à atual impunidade”, defende-se no relatório.
Os governos da Península Ibérica, defende a WWF devem estabelecer prioridades na restauração de pelo menos 15% dos ecossistemas degradados, incluindo as zonas de elevado risco de incêndio.
Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF recordou que os mais de 500 mil hectares ardidos na União Europeia (UE) no ano passado representaram mais de 13.400 milhões de euros de prejuízo, e lembrou que os incêndios afetam muitas vezes espécies únicas.
“Queremos uma floresta sem incêndios, viva, e com espaço para habitats e que permita que as pessoas vivam em harmonia com a natureza”, disse.