O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira, dominando hoje de manhã, destruiu uma zona de 40 hectares de floresta no Vale d’Alhinhos, em São Teotónio, onde estava instalada desde março uma reserva de burros.
Cláudia Candeias, presidente da Associação Arco do Tempo, que gere a reserva, contou hoje em declarações à agência Lusa que nos últimos dias foram vividos momentos complicados, com a necessidade de retirar os sete burros da reserva para os colocar a salvo.
O incêndio, explicou, destruiu as pastagens dos animais, instalações e material e consumiu os sobreiros e medronheiros existentes na propriedade.
Os burros foram retirados por duas vezes, uma primeira para o parque de campismo de S. Miguel num percurso de três quilómetros feito a pé, e depois, com o aproximar das chamas do parque, os animais tiveram de ser deslocados novamente.
“Tivemos de fugir com os burrinhos do terreno que ardeu todo”, disse Cláudia Candeias, explicando que a Arco do Tempo, uma associação cultural, recreativa, comunitária, de carisma social e sem fins lucrativos, além de ter a reserva dos burros, promove atividades em escolas, lares de idosos e no estabelecimento prisional de Odemira.
Atualmente, adiantou, os burros estão instalados no Monte da Moita, e a associação apela agora a ajuda de todos para começar a recuperar a propriedade, com especial urgência para uma bomba de água, tubos para canalizar a agua, cabos elétricos, feno e ração.
“A ajuda de todos é bem-vinda. Qualquer euro faz a diferença na sustentabilidade deste projeto”, refere a reserva de burros nas suas páginas no Facebook e no Instagram, indicando dados para que possam ser feitas transferências.
A associação Arco do Tempo tem a sua sede numa escola antiga em Vale d’Alhinhos, cedida pela Câmara Municipal de Odemira, no distrito de Beja.
As chamas não atingiram o edifício, mas destruíram um anexo onde a associação guardava todo o material.
Roupas e adereços para o espetáculo de recreação de antigas profissões (ceifeira, sapateiro, padeiro, aguadeiros, varinas), agendado para os dias 01 e 02 de setembro, e material de arte para as ações de terapia que realizavam na prisão e nos lares, entre outros, ficaram totalmente destruídos.
A associação lançou assim um apelo público para que seja possível recuperar estes materiais, através de doação ou de empréstimos, tendo em vista o cumprimento das atividades agendadas.
O incêndio rural que deflagrou no sábado em Odemira e entrou nos concelhos de Monchique e Aljezur (Faro) destruiu pelo menos duas casas e uma unidade de turismo rural, além de vários anexos.
No município alentejano de Odemira há registo de uma unidade turística que ardeu quase na sua totalidade e de uma residência de primeira habitação destruída, ambas localizadas no Vale Juncal, em São Teotónio.
No concelho algarvio de Monchique, onde o fogo entrou ao final do dia de segunda-feira, ardeu uma área de 426 hectares, principalmente de mato e eucaliptal, mas também algum medronhal e sobreiros, indicou o presidente do município.
Segundo a Proteção Civil, o incêndio foi dominado hoje às 10:15, mas ainda há pontos que merecem atenção, sobretudo na frente sul, no cruzamento das duas regiões.