A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) exige uma ação rápida do Governo no apoio aos agricultores afetados pelos incêndios em Portugal, reclamando o apuramento dos prejuízos e a implementação de medidas, segundo um comunicado hoje divulgado.
“A CNA lamenta todas as vítimas registadas e expressa a sua solidariedade às populações e aos agricultores afetados e a todos os operacionais que combatem os incêndios”, começa por dizer a entidade, destacando que “com grandes fogos ainda a lavrar, o rasto de destruição, cuja dimensão não é ainda totalmente previsível ou mensurável, já é bem visível em muitas localidades rurais”.
Neste contexto, “a par da necessidade de implementação de medidas a médio e longo prazos, a CNA reclama do Governo e demais órgãos de soberania a célere mobilização de meios para o rápido apuramento dos prejuízos e da incapacidade temporária para produzir”, apelou.
Segundo a entidade, “de forma célere, devem ser implementados apoios financeiros aos pequenos e médios agricultores afetados a atribuir por perda de rendimentos, ajudas à alimentação dos animais no caso da destruição de pastagens e outras”.
Além disso, disse a CNA, “em colaboração com autarquias e produtores florestais, o Governo deve promover a criação de Parques de Receção e Comercialização das Madeiras ‘salvadas’ dos incêndios, estabelecendo preços mínimos” para permitir “algum rendimento aos pequenos e médios produtores afetados e para limpar as matas e proteger o ambiente e recursos como a água e os solos”.
“Tem de haver coragem política para implementar medidas que assegurem transparência na cadeia agroflorestal e o aumento do preço das madeiras na produção, fator estruturante da maior importância para a floresta nacional e atrativo para os pequenos e médios produtores florestais”, indicou a CNA.
Além disso, adiantou, é preciso avançar com a “promoção de iniciativas para um correto ordenamento florestal a prioridade deve ser dada aos apoios adequados para a floresta multifuncional, não-intensiva ou monocultural”.
O organismo criticou que, desde os fogos de 2017, muitas áreas ardidas continuem por reflorestar. “A floresta continua desordenada e dominada por extensas manchas contínuas de eucalipto ao serviço dos interesses da grande indústria”, acusou, referindo que “a política de prevenção dá passos muito curtos, é pouco resoluta” e que “a Rede Primária de Faixas de Gestão de Combustível continua a marcar passo e a utilização do fogo controlado é residual”.
A CNA lamentou que sobre os pequenos e médios proprietários florestais caia “o papel de bodes expiatórios da culpa dos incêndios, forçados a limpezas caríssimas que consomem grande parte dos seus parcos rendimentos”, indicando que “à semelhança do que acontece com a produção agropecuária, os sucessivos Governos têm deliberadamente fechado os olhos perante os monopólios esmagadores dos preços à produção agrícola e florestal”.
“Se num lado mandam as grandes superfícies comerciais, na floresta os preços são ditados pelas grandes indústrias da celulose, derivados da madeira e da cortiça, circunstância que muito contribui para a perda de interesse económico na floresta e na sua gestão ativa”, lamentou.
A CNA reafirmou que “muitas das razões que estão na origem dos repetidos e extensos incêndios radicam na ruína da Agricultura Familiar, promovida décadas e décadas a fio por sucessivos Governos e pela União Europeia, através da Política Agrícola Comum”.
Para a organização, “é urgente que o Orçamento do Estado para 2025 preveja a adoção de políticas agrorrurais e florestais promotoras das pequenas e médias explorações familiares, que conjugam mosaicos vivos de agricultura, pecuária e floresta multifuncional, servindo de tampão à progressão dos extensos e violentos incêndios”.
CNA reclama acção rápida do Governo no apoio aos agricultores afectados