O presidente da Câmara Municipal de Gouveia disse hoje esperar que as medidas do Governo para os concelhos da serra da Estrela atingidos pelo incêndio de agosto “satisfaçam minimamente as necessidades” e que os municípios “não sejam penalizados”.
“Espero que a proposta final do Governo satisfaça minimamente as necessidades dos nossos concelhos e que os municípios não sejam penalizados, porque já foram penalizados pelo e com o incêndio. Agora, serem penalizados com o ter que suportar a parte da reconstrução do que foi destruído, isso é penalizar o território e as suas gentes”, disse hoje Luís Tadeu à agência Lusa.
O presidente do município de Gouveia participou, na segunda-feira, em Lisboa, numa reunião com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, com secretários de Estado de várias áreas governamentais e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), para apresentação, aos seis autarcas do Parque Natural da serra da Estrela (PNSE), de uma forma global, as medidas que estão preparadas para serem implementadas no âmbito dos levantamentos efetuados.
O autarca, que também é presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), disse hoje à Lusa que na reunião de trabalho os representantes dos municípios ouviram “as linhas gerais daquilo que o Governo” propõe para o território, mas “nada ainda detalhado”.
No encontro, os autarcas dos concelhos do PNSE “tiveram a oportunidade de fazer sentir ao Governo as suas preocupações, as suas dificuldades, em relação àquilo que aconteceu e àquilo que há necessidade de refazer e de compor”.
“Agora, esperamos por aquilo que seja a proposta efetiva do Governo, não só quanto aos danos e aos valores da sua recuperação, quer relativamente a algo que para nós é muito importante e fundamental, que é o plano de revitalização da serra da Estrela que o Governo se propõe, com os municípios, lançar, para médio e longo prazo”, declarou.
Segundo Luís Tadeu, o levantamento municipal dos danos causados pelas chamas no concelho de Gouveia “andará à volta dos 600 mil euros, sem contar com eventuais prejuízos que decorram agora destas chuvadas, como ainda hoje aconteceu, infelizmente, em Manteigas, que estão ali muitos milhares de euros de prejuízo, que vão ter que ser contabilizados”.
“O próprio apuramento efetivo dos prejuízos está volátil, não está certo, não está fechado, porque as condições atmosféricas estão a obrigar a rever esses mesmo prejuízos, porque estes prejuízos que hoje estamos a ter decorrem do incêndio e, portanto, têm que ser contabilizados”, rematou.
A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou no dia 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13.
O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado no dia 17 do mesmo mês, à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.
A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para “efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica”.