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– 12-08-2004 |
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Incêndios : Autarca de Almodôvar (PSD) critica "indiferença" do governoAlmodôvar, Beja, 11 Ago Em comunicado enviado à Agência Lusa, o autarca eleito pelo PSD (como independente) argumenta que o poder político tem manifestado "alguma indiferença" quanto à matéria. Como exemplo, Sebastião aponta a "visita-surpresa" do primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, no último fim-de-semana, à zona algarvia da serra do Caldeirão, também afectada pelas chamas que, entre 26 e 30 de Julho, assolaram Almodôvar, Loulé, Silves e S. Brás de Alportel. "O primeiro-ministro deslocou-se à zona de Loulé sem dizer nada a ninguém, esquecendo-se de Almodôvar", frisou o autarca à agência Lusa, descontente pelo facto de apenas ter sabido da visita "através de um jornal". Recordando que o incêndio consumiu 34 mil hectares de área agrícola e florestal nesses quatro municípios, António Sebastião realçou que "80 por cento desse total pertence aos concelhos de Almodôvar e Loulé". "Só em Almodôvar temos 10.350 hectares ardidos e cerca de um milhar de pessoas atingidas, pelo que há prejuízos consideráveis. Não compreendo também como é que a comunicação social aborda o incêndio apenas na perspectiva do Algarve, esquecendo o segundo concelho mais atingido", criticou. Segundo o autarca alentejano, que anunciou logo no dia 28 a intenção de pedir a declaração de calamidade pública para o concelho e concretizou o pedido no dia 02 de Agosto, o Governo deve avançar com "auxílios imediatos às populações". "A minha preocupação é a população e, independentemente dos balanços que estão a ser feitos, o silêncio da administração central deixa-me preocupado com os desenvolvimentos futuros deste problema", realçou. Até ao momento, os habitantes da freguesia de S. Barnabé, a zona mais afectada de Almodôvar, apenas puderam contar "com o apoio da autarquia", não sendo "compreensíveis as demoras que existem" na disponibilização da restante ajuda. "Semanas depois do incêndio terminar, ainda está tudo a andar muito lentamente. É por isso que a declaração do estado de calamidade pública é importante, porque poderia acelerar as medidas e mostrar aos habitantes, idosos e sem grandes recursos, que não estão esquecidos", argumentou. Insistindo na necessidade da declaração de calamidade pública, António Sebastião defendeu também que esta, a ser decidida, não deverá ter uma perspectiva "meramente distrital ou concelhia", devendo antes obedecer a uma "lógica global", para toda a área ardida na serra do Caldeirão. "Entendo ser justo declarar a calamidade pública para toda a região do Caldeirão, na qual, além dos outros três municípios algarvios, está enquadrado o concelho alentejano de Almodôvar, designadamente a freguesia de S. Barnabé", disse. Os prejuízos causados pelo incêndio em Almodôvar prendem-se, sobretudo, com a devastação do montado de sobro e azinho, tendo também sido destruídas oliveiras, pinheiros, eucaliptos e árvores de fruto. Além disso, as chamas causaram danos nas explorações agro-pecuárias e afectaram as empresas produtoras de cortiça, medronheiro e mel, danificando ainda diversas habitações, instalações de apoio à agricultura, equipamentos de rega, máquinas e alfaias agrícolas. "Esta calamidade afectou, directa e indirectamente, toda a vida económica de Almodôvar, bem como parte significativa dos investimentos públicos realizados, como captações de água, ETAR’s, rede eléctrica e viária, entre outras infra-estruturas", reforçou.
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