Com a sétima e última sessão de trabalho aberta, centrada no tema “Inovar no investimento em biodiversidade”, encerrou-se na última sexta-feira uma fase de discussão de ideias, entre vários agentes presentes no país, para soluções de conservação da natureza.
Na freguesia do Ameixial, em Loulé, as equipas do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da Faculdade de Ciências e Tecnologia (UNL) dinamizaram a sessão que encerra um programa de sessões de trabalho abertas, cumprido ao longo de quase um ano. A última reunião centrou as discussões em torno do Objetivo 7 e reforçou o conjunto de resultados interessantes para a orientação das políticas públicas em matéria de conservação da natureza e biodiversidade.
Discursando no seu território, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo lançou os trabalhos enfatizando que o seu executivo reconhece o papel que as autarquias têm a desempenhar à escala local, tendo vários dossiers em preparação. Nessa linha enfatizou o empenho da edilidade para o objetivo nacional de ter 30% do território com estatuto de como área protegida, em duas dimensões principais:
- na conservação de zonas locais já classificadas como áreas protegidas, nomeadamente a Reserva Natural Local da Foz do Almargem e do Trafal, a Paisagem Protegida da Fonte da Benémola e Rocha da Pena;
- com proposta de novas classificações, em específico para uma Reserva Natural Local da Nave do Barão (RNL) e o Geoparque de Loulé.
João Ferreira, Secretário-geral da APCOR, expôs a visão da entidade e a evolução de uma fileira, beneficiária de uma relação harmoniosa do homem com o ecossistema e biodiversidade do montado, mas cuja resiliência tem de promover. Nesta linha assinalou a especificidade ecológica do mesmo, como elemento de ligação entre a economia da cortiça e a biodiversidade que a produz.
A proposta de valor é a sustentabilidade e o valor acrescentado, aquele permitido pelo ecossistema. Ao longo da evolução da fileira tem sido necessário, sublinhou, compreender como adicionar ainda mais benefício e cada vez servindo a necessidade de proteger o montado: o mote é deixá-lo mais resiliente do que se encontrou.
Nuno Banza, Presidente do ICNF, não deixou de adicionar outros exemplos inspiradores, como o Walking Festival do Ameixial, gerador de valor sustentável para o território. E ainda, João Ministro, reconhecido empreendedor de iniciativas de sustentabilidade, que colocou o interior do Algarve no mapa internacional.
Lançando a ponte para os trabalhos em concreto, assinalou a riqueza e diversidade das discussões já mantidas e resultantes, muitas vezes, em propostas de soluções simples para problemas complexos. O desafio inerente ao último tema envolve refletir sobre como se poderá pensar diferente, com base num caldo de culturas e conhecimento para atingir novos resultados, explicou.
Neste contexto durante os trabalhos do Objetivo 7 debateram-se ideias como:
- A necessidade de aumentar a literacia local sobre os mecanismos do Fundo Ambiental;
- A criação de uma bolsa de projetos de conservação, para promover captação de financiadores;
- Afinar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum com uma orientação mais promotora da biodiversidade.
O resultado dos debates e reflexões permitirá orientar a intervenção pública em matéria de conservação da natureza e biodiversidade em Portugal, no período até 2027. Com a sistematização de resultados, o projeto prossegue para uma Conferência Final no dia 22 de maio.
Artigo publicado originalmente em ICNF.