O rendimento da atividade agrícola deverá aumentar em 2024 pelo segundo ano consecutivo, 14,7%, impulsionado pelos subsídios à produção, segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura do Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o INE, este aumento do rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano resulta sobretudo do “forte crescimento esperado” dos ‘outros subsídios à produção’ a pagar em 2024 – que terão subido 128,4% -, uma vez que se perspetiva um aumento “apenas ligeiro” do Valor Acrescentado Bruto (VAB), de 1,0%.
“Comparando os índices de preços da produção e do consumo intermédio, é possível concluir que a situação favorável à atividade agrícola em 2023 deixou de ser observada em 2024, perspetivando-se um decréscimo dos preços da produção (-4,7%) mais pronunciado do que do consumo intermédio (-3,7%)”, nota o instituto estatístico.
Segundo explica, “a ligeira variação nominal negativa da produção do ramo agrícola (-0,5%), conjugada com um decréscimo mais acentuado do consumo intermédio (-1,3%), concorreu para o aumento do VAB em valor (1,0%)”.
Já em termos reais, o VAB do ramo agrícola deverá aumentar 7,9% este ano, decrescendo a sua importância relativa na economia portuguesa de 1,9% para 1,8%.
Este ano, o consumo intermédio deverá diminuir 1,3% em valor, apesar do aumento de 2,5% em volume, sendo “determinantes” para esta evolução nominal os decréscimos dos alimentos para animais (-6,9%) e dos adubos e corretivos de solo (-6,9%).
A energia registou um acréscimo nominal de 1,1%, resultante de variações de -0,7% e +1,8%, no volume e preço, respetivamente. Em 2023, o preço tinha aumentado 34,4%.
Este ano, o instituto estatístico estima que o total de ajudas (classificadas como subsídios) pagas ao produtor agrícola registe um “aumento pronunciado” de 94,2%, após um decréscimo de 33,3% em 2023, tendo por base dados do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP, I.P.).
Segundo explica, “a transição para o novo plano de Política Agrícola Comum intensificou o apoio aos produtores em 2024 e prevê-se, em particular, um aumento mais expressivo dos ‘outros subsídios à produção’ (128,4%)”.
Numa comparação internacional, o INE constata que, entre os triénios 2005-2007 e 2021-2023, o peso relativo da agricultura no total da economia diminuiu em Portugal, mantendo-se “ligeiramente acima” do da UE27 (1,8% vs. 1,6%), mas abaixo de Itália, Espanha e Grécia (com 2,1%, 2,5% e 3,5%, respetivamente).
Entre os triénios de 2005-2007 e 2021-2023, o rendimento da atividade agrícola em Portugal “evoluiu de forma menos favorável “do que a média dos Estados membro (56,8% vs. 75,3%), posicionando-se como o 11.º crescimento mais elevado na União Europeia.