Termina esta segunda-feira, no Canadá, a COP15 sobre biodiversidade. Depois de quase duas semanas de negociações difíceis, foi aprovado o Quadro Global para a Biodiversidade, “um dos acordos mais importantes na área do ambiente”. Foram também estabelecidas diversas metas para 2030 e 2050 e Portugal tem um papel relevante a desempenhar no futuro com um objetivo principal em mente: “Salvaguardar a vida no planeta, cuidando e restaurando muitos dos ecossistemas que estão em perigo.”
Em novembro, as alterações climáticas foram as protagonistas da cimeira do clima da ONU – a COP27 -, no Egito. Agora, foi a vez de a biodiversidade estar em debate na COP15, no Canadá, numa conferência que termina esta segunda-feira. Foram quase duas semanas de negociações entre governos, com o acompanhamento da sociedade civil, para se chegar a um acordo global para a preservação da natureza. Foi aprovado, já durante a madrugada, o Quadro Global para a Biodiversidade, algo que para Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, é “um dos acordos mais importantes na área do ambiente”, equivalente ao Acordo de Paris sobre o clima.
“É uma grande vitória para o planeta e para as pessoas, porque a biodiversidade é absolutamente crucial para a nossa sobrevivência. O próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que esta era mais uma conferência decisiva. Não apenas se conseguiu um acordo global como se conseguiu acrescentar algo fundamental que é o financiamento, ou seja, será criado um fundo específico para a biodiversidade à escala global e isso vai potenciar que áreas que estão em perigo, principalmente em países vulneráveis, com poucos recursos financeiros, possam desenvolver ações para preservar os valores naturais únicos que têm sem por em causa as populações que, muitas das vezes, coexistem com a manutenção desses valores”, explica Francisco Ferreira, que esteve presente na última semana em Montreal.
A COP15 para a biodiversidade termina esta segunda-feira e o aspeto “crucial” era a aprovação deste Quadro Global para a Biodiversidade, bem como “um conjunto de outros elementos relacionados com a questão da comunicação, dos recursos a serem mobilizados e a componente de monitorização”.
Mas não foi fácil de se chegar a um consenso. Francisco Ferreira fala mesmo de “muitos problemas” até à aprovação do acordo. “Em primeiro lugar porque há visões muito diferentes, até entre países do mesmo continente. Há países com realidades muito diversas e, claro, uma oposição entre países desenvolvidos e em desenvolvimento – o “Norte global” e o “Sul global”. Em cima da mesa as dificuldades prenderam-se muito com a questão do financiamento e com a semântica”, afirma, dando alguns exemplos: “a ideia de falarmos da mãe Terra neste Quadro Global para a Biodiversidade, dos limites do planeta ou da pegada ecológica”.
“São todos conceitos que têm vindo a ser discutidos, inclusive muitos […]