O montado de sobro é uma das principais fontes de rendimento das explorações agroflorestais da região do Vale do Tejo e Alentejo. Do final de Maio até ao princípio de Agosto, é a época propícia para o descortiçamento dos sobreiros, extraindo-se a cortiça, um produto natural com grande valorização industrial. No entanto, é também a época em que começam os furtos indiscriminados de cortiça, sem ter em atenção a forma como este é praticado e provocando danos substanciais às árvores, comprometendo o futuro produtivo destes sistemas florestais.
A ANSUB- Associação de Produtores Florestais do Vale do Sado vem alertar para este flagelo que assola os seus associados, sobretudo nos concelhos de Palmela, Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, onde há vários anos esta situação se repete, com total impunidade para quem comete este crime contra o ambiente e a propriedade privada. O acto do furto de cortiça implica a direta violação de todas as regras de descortiçamento e provoca danos irreparáveis no sobreiro vitimado, comprometendo gravemente a sua vitalidade e pondo em causa a sua sobrevivência. A impunidade dos prevaricadores destes furtos de cortiça encoraja a reincidência dos criminosos, bem como a disseminação desta prática. A efetiva repressão destes crimes é absolutamente premente e crucial para a conservação de um ecossistema único baseado na Árvore Nacional de Portugal.
Apesar das tentativas de dissuadir estes furtos, por parte dos proprietários, através de vedações, pintura da cortiça, do aumento da vigilância nas explorações, quer com pessoal, quer com câmaras, e das queixas junto da GNR – Guarda Nacional Republicana, a situação persiste com furtos contínuos de cortiça de todas as idades e com danos significativos nos troncos das árvores que levam à destruição da sua capacidade produtiva. Esta cortiça furtada representa um valor mínimo, comparado com o dano causado na árvore, que poderá levar à sua morte comprometendo muitas décadas de produção futura.
Estamos cientes da dificuldade que as autoridades têm para controlar uma área de floresta tão extensa. No entanto, era importante controlar os intermediários que possam usualmente adquirir cortiça furtada, controlando estes pontos críticos, que poderá incentivar o furto por parte de pessoas sem escrúpulos. Por outro lado, é voz corrente, que existem operadores que têm máquinas de triturar cortiça e que facilmente conseguem processar cortiças pintadas provenientes de furtos, dissimulando assim a sua origem.
Assim, a ANSUB vem solicitar a divulgação à opinião pública deste flagelo que tem um impacto substancial na actividade económica, na sustentabilidade ambiental e na vida de muito produtores florestais da região.
Fonte: ANSUB