O Míscaros – Festival do Cogumelo volta a realizar-se no Alcaide, aldeia do concelho do Fundão, com uma decoração feita a partir de lixo recolhido na serra da Gardunha e numa versão alargada além dos habituais três dias.
Entre os dias 17 e 19 realiza-se o habitual evento, centrado na gastronomia, animação de rua, artes, ‘workshops’, concertos e exposições, mas, nesta 14.ª edição, a organização “prolonga a experiência” a um “Míscaros nas Calmas”, de 24 a 26 e, até 09 de dezembro, continuam a ser dinamizados os passeios micológicos.
“Vai ser um primeiro fim de semana que é uma algazarra completa, e um outro, que vai ter também animação, mas mais calmo, para dar oportunidade às pessoas de desfrutarem mais tranquilamente, sem filas”, salientou, em declarações à agência Lusa, Fernando Tavares, o presidente da Liga dos Amigos do Alcaide (LAA), que organiza o Míscaros em parceria com a Câmara do Fundão.
Segundo Fernando Tavares, a decisão de ter o Mês do Cogumelo deveu-se à necessidade de dar resposta à habitual elevada procura, que nem sempre permitia a todos os visitantes experimentarem tudo o que pretendiam.
O responsável deu o exemplo das 180 vagas abertas para os primeiros passeios micológicos, que esgotaram em dois dias, e abriram esta semana as inscrições para mais três fins de semana em que é possível participar nestas visitas orientadas por especialistas, para identificar algumas das mais de 500 espécies existentes na serra da Gardunha, e também um passeio com cães.
“Queremos promover o respeito pela natureza e o conhecimento do nosso património micológico”, realçou o presidente da LAA.
A sensibilização ambiental é outra das prioridades, afirmou Fernando Tavares, segundo o qual o Míscaros não utiliza plástico desde 2015.
Este responsável explicou que foi feita uma recolha de lixo na serra da Gardunha, que vai ser reaproveitado para fazer as instalações e a decoração, em parte por crianças da escola do Alcaide, para envolver e consciencializar toda a comunidade.
“É importante saber que, por um lado, limparam-se zonas da Gardunha e, por outro, reutilizou-se e passou-se uma mensagem de sustentabilidade”, vincou.
Fernando Tavares frisou que, após 14 edições, os visitantes vão continuar a ser surpreendidos e destacou tratar-se de um evento “feito em casa das pessoas, que abrem as suas portas para os visitantes entrarem e experimentarem as refeições confecionadas por si, não é numa tenda, com vários expositores”.
O dirigente da LAA destacou que o Festival do Cogumelo vai ter à venda vinte espécies, através de produtores certificados, para garantir a segurança alimentar.
O habitual almoço comunitário de arroz de míscaro volta a realizar-se no dia 19, um domingo, e este ano vão estar a cozinhar ao vivo, entre outros, dois ‘chefs’ com estrela Michelin: Alexandre Silva e António Loureiro.
O vice-presidente da Câmara do Fundão, Miguel Gavinhos, enfatizou o impacto muito significativo que o Míscaros tem na economia e turismo locais, nomeadamente na hotelaria, já com a lotação esgotada no concelho e a notar-se a pressão nas unidades dos municípios vizinhos.
De acordo com o autarca, em declarações à agência Lusa, o Festival do Cogumelo representa uma circulação de “cerca de meio milhão de euros”, entre as transações feitas no evento e a hotelaria e espaços de restauração locais.
Este ano vai ser instalado um compostor comunitário no Alcaide para fazer o aproveitamento dos biorresíduos, que darão origem a fertilizantes.