A Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina vai debater, no sábado, o futuro da resina e a importância de uma maior aliança com Espanha para o setor ganhar escala a nível europeu.
Assinalando o Dia do Resineiro Ibérico, a Resipinus realiza, no auditório do Edifício da Resinagem, na Marinha Grande, no distrito de Leiria, uma conferência que irá reunir mais de 150 pessoas e que irá abordar o tema “Futuro da Resina Natural Ibérica”.
O presidente da associação, Mário Ribeiro, explicou à agência Lusa que no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência surgiu um projeto que a Resipinus entendeu ser uma oportunidade para se unir a Espanha e criarem um selo ibérico que os diferenciasse no mercado, evidenciando a qualidade da resina destes dois países, explorada, essencialmente, através do pinheiro-bravo.
Estão ainda a desenvolver em conjunto algumas investigações sobre o setor, ou não fossem Portugal e Espanha “os maiores ou os principais produtores de resina na Europa”, porque têm o pinheiro-bravo, que dá “características diferenciadas à resina”.
No evento de sábado irá abordar-se, entre outros assuntos, o problema que a indústria da resina enfrenta não só pela falta de mão-de-obra e abandono da floresta, mas também a concorrência da matéria-prima que chega da América do Sul ou da Ásia à Europa sem qualquer taxa associada.
Mário Ribeiro defendeu, por isso, uma entidade que possa representar o setor a nível ibérico e que tenha peso para chegar a Bruxelas, “porque a exploração ou a indústria, só por si, acaba por ser muito pouco”.
“Existe a necessidade de termos uma representação ibérica a nível mundial para ter realmente algum peso no mercado da resina a nível a nível global”, reforçou o empresário.
“No momento em que falamos muito da descarbonização, da importância de diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, de diminuir a pegada de carbono, temos esta matéria-prima que faz milhares de quilómetros, é produzida sabe-se lá em que condições, sem qualquer tipo de certificação e que entra na Europa”, denunciou o presidente da Resipinus.
Mário Ribeiro revelou ainda que a exploração em Portugal, ou seja, quando o resineiro explora a resina dos pinhais e a entrega à fábrica, “representa cerca de 10 milhões de euros anuais para o país”.
Quando a resina é processada das indústrias de primeira e de segunda transformação, aumenta cerca de 100 a 150 vezes.
“Estamos a falar de um peso económico muito importante. E se for a nível ibérico e europeu, então as coisas têm claramente outro peso ainda”.
O empresário esclareceu que a resinagem tem “efeitos positivos”, “não só pela matéria-prima em si, pois é uma resina natural e um substituto dos derivados de petróleo, diretamente para a indústria química e automóvel”, mas também “para as tintas, vernizes, colas, perfumarias ou estética”.
Sublinhando que se trata de um produto sustentável, Mário Ribeiro insistiu que cria emprego nos meios rurais e dinamiza esses territórios, assim como contribui para a “preservação das manchas florestais e até para proteção contra os incêndios pela presença das pessoas na floresta”.
O mercado nacional absorve toda a exploração de resina nacional, o que representa 10% das necessidades das empresas, que exportam praticamente 100% dos seus produtos.
Por isso, há “uma margem de crescimento grande”, se for possível “aumentar a produção”.
Segundo disse, a resina dá origem a dois subprodutos: a parte sólida – colofónia – que é utilizada na indústria de tintas, vernizes e colas, e a líquida – aguarrás ou terebintina que é mais orientada para perfumaria, cosmética e desinfetantes.
“O desafio é trazer pessoas para os territórios do interior, onde existem áreas de pinhal e ter uma visão estratégica”, que existe já em Espanha, que já percebeu “que há um potencial grande”.