Ainda em processo de licenciamento junto da Direção geral de Energia e Geologia (DGEG), que deverá ficar concluído até ao final de outubro, o novo projeto da EDP para instalar uma central solar fotovoltaica flutuante na barragem do Alqueva, em pleno Alentejo, já tem data para o início das obras de construção: janeiro de 2020, ou seja, daqui a três meses. A confirmação foi dada ao Dinheiro Vivo por Miguel Patena, diretor de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Internacional da EDP Produção.
A adjudicação da obra deverá ter lugar em novembro e a obra de instalação arrancará no terreno no início do próximo ano, demorando depois disso cerca de um ano, disse o responsável à margem da conferência da Associação de Energias Renováveis (APREN) – “A Hidroeletricidade em Portugal”, que decorreu esta segunda-feira. A entrada em operação da central solar flutuante era esperada ainda para 2020, chegou a estimar a empresa, mas deverá agora resvalar para o início de 2021.
Esta nova central flutuante no Alqueva surge depois dos resultados positivos do projeto-piloto no Alto Rabagão, no norte do país. O novo projeto de quatro hectares que está a terminar a fase de licenciamento pela DGEG, contará com um investimento de 3,5 milhões de euros da EDP.
“Os projetos híbridos não são necessariamente os mais baratos. Mas se não houver um ponto de ligação à rede disponível, esta é uma boa alternativa. Com estes projetos estamos a estudar qual é o racional económico das soluções híbridas”, disse Miguel Patena, revelando também que no projeto do Alqueva a EDP vai testar em projeto-piloto o novo conceito de central elétrica virtual, no âmbito do programa Horizonte 2020.
Realizados os estudos de viabilidade no Alto Rabagão, a EDP decidiu avançar para um novo projeto no Alqueva, mas com maior escala (4MW) e em complementaridade com uma central hídrica com sistema de bombagem, que permite a reutilização da água para geração de eletricidade. O projeto implicará a instalação de 10.750 painéis, ocupando uma área de quatro hectares, e terá uma produção anual estimada de 6 GWh, o suficiente para abastecer um quarto da população dos dois municípios da região (Portel e Moura)
Por seu lado, o projeto-piloto no Alto Rabagão é composto por 840 painéis solares, que ocupam uma área de 2500 metros quadrados, têm uma potência instalada de aproximadamente 220kWp e uma produção anual estimada de cerca de 300 MWh. “A introdução de uma central fotovoltaica em grande escala hibridizada com a central do Alqueva permitirá a duplicação da energia escoada no mesmo ponto, sem necessidade de aumentar a capacidade da linha”, informou a EDP.
Além da hibridização do solar flutuante com a energia hídrica com bombagem (mais de 500MW, será também testada a combinação desta tecnologia com um sistema armazenamento em baterias. “Vamos testar o potencial futuro das baterias no sistema elétrico português para o qual não existe regulamentação nem mecanismos de mercado”, conclui o responsável.