Falar de biodiversidade é mais do que mencionar plantas e animais. Trata-se de algo que sustenta a nossa economia, sociedade e, em última instância, o ser humano. Protegê-la deveria ser o nosso principal objetivo.
O planeta Terra está em agonia. A população humana não para de crescer, as alterações climáticas estão a causar estragos e não parece haver uma solução mágica para resolver estas questões. Ou assim parecia. Um estudo recente do Finnish Innovation Fund Sitra – Fundo de Inovação finlandês Sitra, em português, parece ter encontrado uma solução. Os dados recolhidos indicam que as intervenções da economia circular em quatro setores-chave podem travar a perda global de biodiversidade e ajudar a biodiversidade mundial a recuperar para os mesmos níveis do ano 2000 até 2035.
Como? Apostando na economia circular. Reaproveitar os resíduos, desenvolver produtos que durem (mais) e manter esses mesmos produtos no ativo por mais tempo. Desta forma não só temos um melhor retorno do investimento como não há necessidade de extrair novos recursos naturais para a produção de mais produtos.
O estudo indica que, ao abordar quatro setores – Alimentação e agricultura, Florestas, Edifícios e construção, e Fibras e têxteis -, consegue-se não só melhorar a pegada carbónica desses setores, como, através da economia circular, registar um grande avanço no combate à perda global de biodiversidade. Mesmo que nenhuma outra ação seja levada a cabo.
Como afirma Kari Herlevi, diretor de projeto no Sitra, “é possível travar a perda de biodiversidade, mas requer mudanças significativas na forma como produzimos, consumimos e gerimos produtos e materiais. A economia circular oferece soluções, e o melhor é que estas soluções estejam prontas para serem utilizadas.”
A exploração dos recursos naturais é uma das principais causas da perda acentuada de biodiversidade que estamos a viver. Susana Fonseca
Associação Zero
Opinião partilhada pela Zero. Sobre o tema, Susana Fonseca aponta que, hoje, “a exploração de recursos naturais é uma das principais causas da perda acentuada de biodiversidade que estamos a viver em muitas partes do mundo”, acrescentando que a procura constante de mais recursos e em cada vez maior quantidade para alimentar o voraz sistema de produção e consumo em que vivemos leva à destruição de muitas áreas naturais em terra e no mar.
A economia circular tem a vantagem de defender uma abordagem que “nos pode levar a reduzir de forma mais ou menos significativa a necessidade de recursos virgens”. Mas a ambientalista também alerta que a redução dependerá da coragem com que é implementada a economia circular, porque “esta começa na redução, no questionamento da necessidade de produção de algo, passando depois por, se considerado realmente necessário avançar para a produção, avançar para materiais não tóxicos, na menor quantidade possível, reciclados, sempre que possível, que deverão dar corpo a produtos duráveis, reparáveis, atualizáveis, reutilizáveis e também recicláveis, ainda que a reciclagem deva ser vista como a última paragem da economia circular e não como a primeira, […]