A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) defende ser “necessário refazer, apostar, incentivar, fazer acontecer e rejuvenescer os territórios rurais, durante 365 dias por ano, nos próximos 10 anos”.
A proposta da AJAP, segundo o comunicado de imprensa, afirma que deve existir “um acordo parlamentar, unânime, e defendido por todos os deputados da Nação”, acrescentando ainda que, no final desta década, deveria ser feita uma análise pormenorizada, e apontar novas medidas para um novo acordo parlamentar e para novo período de intervenção.
“Só não vê quem não quer ver, só não vê quem não visita, ou apenas visita bons exemplos e projetos bem-sucedidos, muitos já com capitais de fora. Os políticos fazem “vista grossa” a estas regiões, e refugiam-se nos números nacionais das exportações, do índice de autossuficiência alimentar e felizmente em algumas regiões na adesão em crescendo às novas tecnologias, agricultura de precisão e inteligência artificial”, lê-se na comunicação da AJAP.
E continua: “nada contra, mas segundo esta visão deixam muito país para trás, que, ou não conhecem, ou pura e simplesmente, ignoram. Parece que estas regiões estão mesmo condenadas, têm pouco peso económico, pouca população, poucos deputados, e infelizmente apenas vão sendo lembradas em épocas como esta que acabamos de ultrapassar, os incêndios de setembro de 2024”.
Neste sentido, a AJAP defende mais investimento e maior aposta nestes territórios, defendendo ser necessário planear a longo prazo, articulando o setor da agricultura, florestas, criação de gado, estimular e inovar as economias rurais.
Para a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, “é essencial atacar o problema da desertificação e do abandono das zonas rurais, captar mais Jovens Agricultores (JA) e Jovens Empresários Rurais (JER) para estas regiões e apostar numa estratégia, definida a 10 anos, sem atropelos políticos, em resultado de acordos de regime na Assembleia da República”.
No que toca à problemática dos incêndios, a AJAP sublinha que o Governo precisa de ser célere, pois “é fundamental apoiar todas as vítimas do flagelo dos incêndios, que perderam habitações, empresas, explorações agrícolas e a sua fonte de sustento”.
Relativamente ao setor agrícola, a Associação refere que são muitos os agricultores e produtores florestais que viram a sua atividade económica reduzida a cinzas, apelando à necessidade de os apoios chegarem rapidamente e eficazmente, “para que se possa reerguer aos poucos a economia, o emprego, e o regresso à normalidade, estas pessoas têm direito à sua normalidade”.
Para a AJAP, o problema reside na ausência de uma verdadeira estratégia nacional que promova os territórios rurais, combata o abandono e a desertificação e impulsione a agricultura, as florestas e economias rurais de forma coesa, sustentável e integrada.
A Associação ainda relembra a “necessidade urgente” de rejuvenescer os setores agrícola e florestal também nestes territórios rurais, nomeadamente através da “renovação geracional”, que diz ser “um desafio que nos convoca a todos, sejam agentes públicos ou privados”.
“A revitalização destes territórios passa pelo rejuvenescimento das atividades existentes (agricultura, floresta e outras), e pelo surgimento de novas atividades associadas à tecnologia e à digitalização. Torna-se premente e necessário encontrar novas sinergias, novos incentivos, melhorar e agrupar apoios existentes, bem como sensibilizar as diferentes áreas da governação e seus contributos, para enfrentar o desafio do rejuvenescimento, revitalização, reconversão e inovação dos sistemas produtivos, valorização dos produtos, apostando nos valores da sustentabilidade e na valorização dos recursos e da biodiversidade”, lê-se na nota de imprensa.
A Associação também reforça a necessidade de impulsionar a figura do JER – Jovem Empresário Rural, dizendo ser da opinião que se trata de “uma figura juvenil, absolutamente essencial para o desenvolvimento do país”.
A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal acredita também que os Jovens Agricultores (JA), e os Jovens Empresários Rurais (JER) !são imprescindíveis no desenvolvimento destes territórios e acreditamos que serão decisivos para combater a desertificação de muitas regiões do país, em quase declínio absoluto e, nessa perspetiva, deveriam ser lançados a concurso candidaturas específicas para estas regiões vulneráveis, em que a componente florestal do projeto de investimento do Jovem Agricultor, tivesse valorização na aprovação”.
Na visão da AJAP, “a falta de biodiversidade nas florestas portuguesas e o crescente despovoamento destas áreas são os maiores fatores que contribuem para os incêndios florestais extremos”, frisando ainda que, “em Portugal, existem estudos a mais e execução a menos”.
“É fundamental não esquecer a importância da caraterização da zona a arborizar e das espécies que nela melhor se adaptam, adequando a isto um plano de gestão eficiente que cumpra igualmente os objetivos dos gestores/empresários e seja complementar aos modelos de silvicultura mais indicados”, explica a Associação.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.