Falamos com Francisco Paz, socio gerente da Boapaz, lda, empresa de comercio de batatas sediada em Chaves.
Como começou a sua relação com as batatas? E como começou a empresa Boapaz?
A empresa começou como Patatas Paz, um negócio de família e com 13 anos comprei o primeiro carro de batatas a um agricultor de Paredes, vendi a 20 pesetas e comprei a 18 pesetas, ganhei duas pesetinhas em kg, com 13 anos. Estudava e trabalhava a ajudar o meu pai, a fazer os mercados da zona de Ourense. Em 1985 decidi ir para Xinzo de Limia, para trabalhar os mercados de Madrid, Sevilha, Corunha e Vigo e em 1987 faço a primeira exportação para Portugal, para uma fábrica que se chamava Pala-Pala, que depois foi comprada pelo grupo Pepsico. Sempre me senti muito bem a trabalhar em Portugal e até pensava em vir a viver em Portugal e até me reformar em Portugal. Sempre fui muito bem tratado em Portugal, de facto houve um tempo em que abandonei por completo o mercado espanhol e passei a trabalhar só com o português. Em setembro de 2019, criei a Boapaz em Portugal, sempre me senti bem em Portugal e o meu amor por Portugal foi crescendo e também comprei uma casa em Vila do Conde, onde vivo agora e onde passo muito mais tempo.
Que tipo de produtos e serviços são comercializados pela Boapaz? Quais são os vossos principais mercados/clientes?
A minha actividade está mais vocacionada para a indústria, diria que 80 % do meu mercado é indústria, mas também trabalho com os restaurantes ou seja batata de industria para 4 ª gama e chips e a restauração.
Os meus clientes estão espalhados por toda a Europa, também faço importação e exportação, desde há muitos anos.
Quais as perspetivas de futuro para a Boapaz? Quais as perspetivas futuras para o setor da Batata?
O meu trabalho é o meu hobby, tenho vários, mas se eu voltasse a nascer de novo, voltaria a fazer o mesmo trabalho, voltaria às minhas origens e ao meu trabalho, tenho a certeza, porque em primeiro lugar os meus clientes, não são clientes, são amigos e isso é muito bonito, ter um trabalho onde te sentes confortável. Vejo o futuro, é certo que nós trabalhamos com um produto básico e essencial do povo português, a pandemia nós atravessamos mais ou menos bem, mas o que mais me preocupa neste momento é a subida de custos tão grande à produção, os adubos subiram para o dobro ou mais, o gasóleo, o agricultor está a ter uma subida de custos selvagens e o problema maior é a inflação galopante é um momento de muita incerteza, temos muitas incógnitas. A palavra certa acho que é medo, porque não sabemos o que vai acontecer. Mas vamos ter esperança…
Já conhece o selo da Miss Tata? Está a usar o selo da Miss Tata, nas batatas portuguesas que comercializa?
Sim conheço, mas não estou a utilizar o selo da Miss Tata, porque não vendo ao consumidor final em embalagens pequenas, vendo em grandes quantidades a granel e em grandes volumes, para a industria, eu chego ao consumidor de forma indirecta, mas quero começar a usar para valorizar o produto português.
O que espera de uma associação como a Porbatata?
A Porbatata é uma voz e quando temos um problema que sozinhos não conseguimos resolver, porque sou dos que dizem que a união faz a força, ter um canal de dialogo perante os poderes políticos ou até mesmo só perante a opinião publica, para puder manifestar a sua força, porque um sozinho nunca chega a nenhum lugar, não é nada…
Artigo publicado originalmente em Porbatata.