CPE contesta futura Comissária Europeia para a agricultura
Em recente nota de imprensa a Coordenadora Agrícola Europeia (CPE) pede ao Parlamento Europeu que não aprove a nomeação da Sr.ª Fischer-Boel como Comissária Europeia responsável pela agricultura e desenvolvimento rural. No caso de haver acordo sobre a nova Comissão, a CPE pede a Barroso para atribuir outro sector à Sr.ª Fischer-Boel.
A Sr.ª Marianne Fischer-Boel foi nomeada pelo Governo Dinamarquês para Comissária Europeia . Em Outubro, o Parlamento Europeu deve aprovar ou rejeitar a nova Comissão proposta pelos Estados Membros .
A CPE questiona esta nomeação com base em diversos pontos:
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A Sr.ª Fischer-Boel, como Ministra Dinamarquesa da agricultura, opôs-se com frequência a qualquer sistema de regulação do mercado ou de gestão de armazenagem da produção: trata-se de uma visão ideológica simplista, em que os interesses da indústria, da grande distribuição e do comércio internacional de produtos agrícolas ignora as diferentes formas de agricultura e as populações. A CPE tem uma outra visão favorável a uma alimentação saudável e segura e a agricultura familiar sustentável, que requer quer uma regulação de mercados quer uma gestão da oferta.
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A Dinamarca é um mau exemplo de uma muito intensiva produção suína virada para a exportação mas baseada em enormes importações de alimentos para animais, energia,… A procura de terra para libertar o chorume desta produção industrializada causa na Dinamarca uma especulação da terra em detrimento da pequena agricultura. Não é um sistema sustentável ao nível social, qualitativo e ambiental, mesmo se a Dinamarca tenta desenvolver uma agricultura "industrial limpa".
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A exploração da família Fischer-Boel, além de ser uma das grandes explorações deste país, faz parte desta produção intensiva e ilustra bem a tendência para a "americanização" da agricultura europeia que destrói o campo no norte como no sul, e que vai contra os objectivos do desenvolvimento rural declarados pela União Europeia.
Ainda segundo a CPE a Sr.ª Fischer-Boel deverá ter algumas dificuldades ideológicas e pessoais para promover uma política agrícola europeia e aplicar fundos públicos europeus de uma forma social e ambientalmente justa, para benefício de todos os agricultores, cosumidores e contribuintes europeus.
A CPE propõe que seja dada à PAC a legitimidade internacional, social e ambiental que lhe falta agora, redireccionando essa mesma PAC e o comércio internacional, com base nos seguintes princípios :
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desenvolvimento de uma agricultura familiar sustentável em todas as regiões europeias,
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obtenção do rendimento dos agricultores através da venda dos seus produtos,
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preços agrícolas remuneradores, o que é possível se associados os seguintes instrumentos:
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o fim de qualquer apoio à exportação, directa ou indirecta (preços baixos + green box), prioridade ao mercado interno, e um comércio internacional sem dumping,
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um nível de preferência da UE ligado com os custos de produção europeus, incluindo os da alimentação animal,
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gestão da oferta, incluindo o fim de modos de produção muito intensivos e uma produção agrícola mais equilibrada entre regiões,
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um apoio europeu à produção para as regiões menos favorecidas, com um limite máximo por exploração,
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programas de desenvolvimento rural que complementem a política agrícola (em vez de tentarem em vão reparar os danos da actual PAC, como acontece agora), especialmente para apoiarem os mercados locais e regionais e desenvolverem o emprego rural.
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Artigos |
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AgroNotícias (14/08/2004) – UE / COM : Mariann Fischer Boel – a futura comissária para a Agricultura e o Desenvolvimento Rural
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AgroNotícias (13/08/2004) – UE / COM : Presidente designado J. M. Barroso anuncia a sua equipa
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AgroNotícias (13/08/2004) – Comunicado de Imprensa da CPE
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AgroNotícias (17/04/2002) – CNA (manifesto) : Aos Órgãos de Soberania de Portugal e da União Europeia; À Opinião Pública
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Sítios |
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Fonte: CPE |
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