A Cooperativa Agrícola da Vidigueira (Beja) negou que esteja prevista a venda do seu património em leilão e prometeu participar criminalmente contra a leiloeira que anunciou o negócio e pedir a destituição do administrador da insolvência.
Esta posição surgiu, num comunicado do conselho de administração publicado nas redes sociais e consultado hoje pela agência Lusa, após a leiloeira Leilosoc ter anunciado para breve o leilão do património desta cooperativa alentejana.
A Lusa contactou hoje a Cooperativa Agrícola da Vidigueira, tendo uma funcionária informado que não se encontrava nenhum administrador e remetido para o comunicado do conselho de administração.
Em resposta à cooperativa, a Leilosoc disse, também em comunicado, ter sido nomeada pelo administrador da insolvência para a liquidação dos ativos no âmbito do processo de insolvência da cooperativa, que “pode ser consultado na plataforma Citius”.
“A divulgação da venda com data a definir ‘brevemente’ prende-se com o facto de o processo ainda estar em tramitação”, realçou, salientando que já há “contactos de investidores interessados nos ativos em venda”.
Segundo a leiloeira, a divulgação de uma nota de imprensa sobre a realização do leilão do património da cooperativa visa “esclarecer as dúvidas do mercado e potenciar o alcance dos ativos junto de investidores”.
Na semana passada, a Leilosoc divulgou, em comunicado, que o leilão da insolvente Cooperativa Agrícola de Vidigueira, organizado pelo estabelecimento de leilão, estava previsto decorrer a partir de setembro, em dia e local a definir.
“O passivo imobiliário da cooperativa é composto por um armazém industrial e um edifício, ambos situados no concelho de Vidigueira”, adiantou então a leiloeira, referindo que os imóveis ainda se encontravam em fase de avaliação.
Já os bens móveis em venda correspondem a máquinas e equipamentos para a produção de azeite, veículos ligeiros de mercadorias e propriedade industrial, nomeadamente marcas, avaliados, globalmente, em 288.085 euros.
No comunicado divulgado após o anúncio da Leilosoc, a Cooperativa Agrícola de Vidigueira considerou ser “falso que se encontre a ser programada a venda em estabelecimento de leilão” do seu património, no âmbito do processo de insolvência.
“Tal não se encontra ainda determinado no processo”, já que a comissão de credores não se pronunciou, nem “a Leilosoc ou qualquer outra entidade leiloeira se encontra legitimada pelo tribunal ou pela comício de credores a intervir em tal liquidação”, sublinhou.
A cooperativa realçou que a liquidação terá de ser antecedida de “decisões ainda por tomar no processo de insolvência, designadamente recursos e pedidos de nulidades de atos anómalos do administrador da insolvência”.
Assinalando que vai requerer ao tribunal a notificação da leiloeira para se “abster da prática de atos não autorizados”, a cooperativa referiu que também vai “participar criminalmente contra a Leilosoc e os seus administradores pelos crimes praticados e responsabilização civil pelos prejuízos causados”.
Além disso, vai também “requerer a destituição do administrador da insolvência pela omissão das suas funções e permissão de uso do nome e processo de recuperação da cooperativa por terceiros em prejuízo da cooperativa, responsabilizando-o, ainda, civilmente, pelos danos causados à cooperativa, aos seus agricultores e à região”, acrescentou.
De acordo com a Leilosoc, a Cooperativa Agrícola de Vidigueira foi fundada em 1957 e “tinha como foco a produção de azeite”.
“Em 2020, antes de se apresentar à insolvência, a cooperativa tinha uma capacidade instalada de produção diária de cerca de 350 mil quilos de azeitona, com uma capacidade de armazenamento de aproximadamente um milhão de litros de azeite”, destacou.