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– 03-07-2009 |
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NOTA DE IMPRENSA "Consumir leite portugu�s, consumir produtos l�cteos nacionais"O sector l�cteo nacional atravessa a sua mais grave crise das duas últimas d�cadas. Como � do conhecimento público, o país � auto-suficiente ao nível. da produ��o leiteira, sendo muito poucos os sectores de actividade, a nível. nacional, em que tal se verifica. No entanto e não obstante a produ��o nacional estar a algumas dezenas de milhares de toneladas do seu limite produtivo (definido pela quota leiteira nacional) e do valor máximo de produ��o, atingido na campanha de 2005/2006, o sector vive um verdadeiro drama associado ao escoamento da sua produ��o. Elevad�ssimos são os stocks que se encontram armazenados no interior das empresas, que considerando os respectivos prazos de validade e a não serem colocados com celeridade no mercado, caminhar�o inexoravelmente para a respectiva destrui��o, o que terá um fort�ssimo impacto a nível. econ�mico e ambiental. Elevad�ssimos e sem precedentes são os volumes de leite transformados em leite em p� e em manteiga, produtos de elevado custo de processamento e que actualmente t�m cota��es de mercado verdadeiramente ruinosas, mas que na aus�ncia de expectativa de coloca��o no mercado de produtos de muito mais elevado valor (leite embalado, queijo, iogurte,�) acabam por se constituir como a �nica op��o de dar tempo de vida a uma matéria-prima que, como � sabido, rapidamente se degrada e deve ser processada no prazo máximo de 48 horas. várias são ainda as empresas que estáo a reduzir as suas produ��es, a diminuir as suas jornadas de trabalho, a equacionar a sua continuidade ao nível. da labora��o, pois elevados e inescap�veis são os compromissos com a aquisi��o da matéria-prima (e com in�meros outros custos associados ao processamento industrial), não havendo depois correspond�ncia ao nível. da coloca��o dos produtos no mercado nem da sua venda a valores minimamente compensadores. Diversas são, pois, as raz�es que podem ser avocadas para justificar este estado de coisas, mas tr�s h� que se destacam pela respectiva import�ncia: 1. O impacto da crise econ�mica no consumo, com a redu��o de volumes comprados de v�rios produtos, o enviesamento das op��es de compra (dando prefer�ncia aos produtos mais econ�micos), e a secundariza��o da compra dos produtos l�cteos não considerados de primeira necessidade, como � o caso, por exemplo, do queijo; 2. A verdadeira guerra entre grupos de distribui��o, tentando – cada um – atrair o maior n�mero de clientes aos seus espaços comerciais, numa competi��o permanente pela conquista do rendimento disponível. das fam�lias portuguesas; 3. A utiliza��o não apenas do leite, mas Também do iogurte e do queijo, como produtos-isco, produtos que pelo seu pre�o atraem o consumidor a uma determinada loja, sendo que o objectivo de cada um desses grupos de distribui��o � o de que o consumidor realize a� a compra desse produto, mas Também de todos os outros de que adquire para sua casa. A rentabilidade reduzida (nula ou mesmo negativa) desses produtos-isco � largamente compensada pelas margens aplicadas aos restantes bens que cada um de n�s adquire. A utiliza��o do leite como produto-isco levou, nos �ltimos meses, a que diversos grupos de distribui��o tivessem optado pela aquisi��o no exterior de uma parcela cada vez mais elevada dos fornecimentos das suas marcas pr�prias, marcas exclusivas e marcas primeiro-pre�o. A origem desses leites � muito diversificada – Espanha, Fran�a, Alemanha, Pol�nia,� – mas em comum t�m os seus muito baixos pre�os (muitas destas refer�ncias estáo a ser comercializadas a 0,39 �/litro), pre�os esses que – sublinhe-se – são muito inferiores aos dos mais baratos leites vendidos nos espaços comerciais desses mesmos países. As consequ�ncias da transfer�ncia da origem destas marcas da distribui��o (que, recorde-se, valem hoje quase 40% de um mercado total estimado em 900 milhões de litros) estáo a fazer avolumar, ainda mais, os excedentes no seio das empresas de lactic�nios nacionais e a colocar em perigo a aquisi��o, por essas mesmas empresas, do leite aos seus respectivos produtores. O sector l�cteo funciona como uma verdadeira fileira e, no caso portugu�s, de h� muito foi diagnosticado como principal constrangimento � sua sustentabilidade futura, a potencial incapacidade de aprovisionamento de matéria-prima no mercado nacional. Nesta altura, todas as empresas são excedent�rias e teráo fortes dificuldades em acolher produtores que eventualmente deixem de possuir comprador, pois tal implicar� o avolumar do problema de escoamento das suas produ��es. Mas todas sabem Também que se nesta altura não demonstrarem alguma solidariedade, muitos desses produtores abandonar�o definitivamente a actividade. E em muitos casos, estamos a falar de explora��es realmente profissionalizadas, bem dimensionadas e competitivas� Hoje, as nossas popula��es estáo cada vez mais afastadas da realidade agro-pecu�ria. Poucos, são, pois, os que fazem uma ideia aproximada das dificuldades e da dureza que acompanha a vida dos nossos produtores de leite. A perspectiva de deixar de ter quem lhes recolha aquele produto, cria problemas financeiros imediatos a quem vive do e para o leite, mas cria problemas ainda maiores, se considerarmos o que significa o não escoamento – os animais, como � sabido, não param de produzir – daquela matéria-prima e as dificuldades e custos associados a uma eventual sua destrui��o. Diz-nos a experi�ncia que muitos são os produtores que, face ao actual quadro de dificuldades, equacionam o abandono desta dif�cil actividade, mas diz-nos Também que muito poucos são aqueles que regressam `actividade. Quando sabemos que o aprovisionamento futuro do nosso tecido industrial e do nosso mercado de consumo � o principal desafio que se nos coloca, � imperioso impedir o abandono de explora��es – tais como estas – de excelente qualidade e elevada competitividade. H� apenas um ano e meio atr�s, vivia-se na escassez, todos os litros de leite no campo eram rijamente disputados, o mercado absorvia toda a produ��o e a distribui��o a operar em Portugal – até porque as alternativas no exterior pura e simplesmente não existiam – tinha uma rela��o de forte proximidade com os seus fornecedores nacionais. Mas mudaram-se (rapidamente) os tempos e mudaram-se (Também rapidamente) as vontades. No in�cio desta semana, apreciamos a forma voluntarista como o Sr. Ministro da Agricultura convocou uma reuni�o entre uma empresa industrial (a Renoldy) e um conjunto de representantes da distribui��o – APED, Sonae e Jer�nimo Martins – visando "resolver" o problema colocado pela carta enviada por aquela empresa a cerca de quatro dezenas dos seus produtores, indicando-lhes a sua incapacidade de lhe continuar a recolher e a pagar o leite, considerando a redu��o dr�stica das encomendas efectuadas pelos seus principais clientes. A carta enviada aos produtores explicava, de forma muito expressiva e eloquente, o porqu� de se haver chegado a esse estado de coisas. Quando a mesma come�ou a circular gerou – face � preocupante conjuntura actual – uma enorme apreensão nos produtores, mas Também nas empresas transformadoras. A reuni�o, tal como seria de esperar e como nos confirmaram os pr�prios respons�veis da empresa nela presentes, esteve longe de ser conclusiva. O Sr. Ministro afirmou que este era um problema de relacionamento comercial entre as partes, foi dizendo que Portugal tem o quarto mais elevado pre�os do leite � produ��o da Europa e acabou por confessar estar a ASAE a efectuar uma ac��o de fiscaliza��o, não apenas � qualidade dos leites importados, como Também ao respectivo rasto contabil�stico-documental, para averiguar se existem "pr�ticas menos compatéveis com as regras do mercado". A distribui��o afirmou manifestar interesse em que a "empresa permane�a de portas abertas", indicou que "cada vez mais os consumidores gostam de ter alternativas mais baratas", raz�o pela qual foram feitas "promo��es recorrendo a leite de outros países" e rematou dizendo que "cerca de 80 por cento do leite que se vende" em Portugal � portugu�s e que os produtores portugueses não t�m raz�o quando dizem que falta qualidade ao leite importado, porque o leite em p� [ou seja a respectiva recombina��o, presume-se] não implica qualquer problema para a Saúde. Entendemos, pois, que � nossa Administração cabe, obviamente, realizar aquele controlo de qualidade e aquela avalia��o das pr�ticas menos compatéveis com as regras do mercado, mas cabe Também e principalmente, comunicar publicamente e em tempo �til os resultados dessa actua��o e – se tal da� resultar – aplicar em conformidade a legisla��o em vigor, punindo os prevaricadores e accionando os meios de ressarcimento para todos quantos estáo a ser fortemente penalizados por este conjunto de pr�ticas. Aos distribuidores, sugerimos um maior conhecimento de um conjunto de regras b�sicas relacionadas com o sector (a recombina��o do leite em p� ou a reconstitui��o do leite concentrado, no caso do leite embalado, são estritamente proibidas por legisla��o nacional e comunitária) e o reconhecimento de que o problema para a fileira do leite não são, logicamente, os 80% de leite nacional vendidos nas suas lojas, mas sim os 20% de leite estrangeiro (e j� agora os queijos, os iogurtes ou as sobremesas l�cteas estrangeiras) que são comprados pelos nossos consumidores. Mas gostaríamos Também de lembrar que a actual situa��o de excedentes que se verifica por toda a Europa tende a inverter-se (os baixos pre�os do leite no campo encarregar-se-�o, mais rapidamente do que muitos julgar�o, de fazer recuar os n�veis de produ��o) e que nessa altura a distribui��o certamente desejar� voltar a contar com a ind�stria portuguesa como fornecedora das suas prateleiras e das suas marcas pr�prias, mas isso s� será poss�vel se até l� a fileira do leite nacional não tiver atingido um estado de desestrutura��o tal que a impe�a de responder aos desafios que lhe sejam colocados. Aos produtores gostaríamos de manifestar a profunda preocupa��o com que estamos a acompanhar o evoluir desta situa��o e as respectivas implica��es para o conjunto das explora��es leiteiras nacionais. Quantas vezes de costas voltadas no passado, hoje produtores e industriais, parceiros de neg�cio, t�m uma visão clara e comum das implica��es para toda a fileira das dificuldades de escoamento e comercializa��o dos produtos l�cteos nacionais. Muito apreciamos o seu esfor�o de mobiliza��o e somos totalmente solid�rios com a sua ac��o de apelo ao consumo do leite portugu�s e dos seus derivados de origem nacional. Finalmente, não o pode o sector deixar de referir que a sua sobreviv�ncia, o seu sucesso e a sua sustentabilidade futura dependem, quase na totalidade, da atitude dos consumidores nacionais. Somos sens�veis �s dificuldades econ�micas de largas franjas da popula��o nacional, pelo que reafirmamos o nosso compromisso de fornecimento de produtos l�cteos de excelente qualidade e a pre�os realmente competitivos, quantas vezes com preju�zo da rentabilidade das pr�prias empresas industriais. Recordamos que – por exemplo no caso do leite – as marcas nacionais e as de fabrico portugu�s, colocadas pela distribui��o no mercado com as suas marcas, são, hoje-em-dia, das mais baratas de toda a Europa ocidental. Basta passar a fronteira e verificar os pre�os pagos pelos nossos vizinhos espanh�is (sendo que em Espanha o custo da matéria-prima � hoje inferior ao pago em Portugal): marcas primeiro pre�o entre 0,50 e 0,52 �, marcas de distribuidor em torno dos 0,60 �, principais marcas comerciais nos 0,85-0,95 euros. Visite-se um supermercado nacional e tais pre�os andam entre 0,39 e 0,44 � nas marcas primeiro-pre�o, 0,47-0,48 � nas marcas de distribuidor e valores na generalidade inferiores a 60 c�ntimos para as principais marcas comerciais. E insiste a distribui��o que "cada vez mais os consumidores gostam de ter alternativas mais baratas", raz�o pela qual foram feitas "promo��es recorrendo a leite de outros países". Apelamos, pois, aos consumidores nacionais para uma atitude mais patri�tica nas suas escolhas, optando pelo consumo do leite portugu�s, optando pelo consumo dos produtos l�cteos nacionais. O reconhecimento desses produtos, em especial no caso das Marcas ligadas � distribui��o, � por vezes algo complexo. Sugerimos, contudo, um exerc�cio relativamente f�cil: olhe atentamente para a embalagem do produto l�cteo que pretende adquirir; numa das suas faces encontrar� uma oval – a denominada marca de identifica��o – contendo tr�s linhas, uma primeira apresentando duas letras (identificando o país de origem, PT para o caso de Portugal); uma segunda contendo uma combina��o de letras e algarismos (a identifica��o codificada da unidade industrial onde o produto foi fabricado) e finalmente uma terceira com as letras CE, identificativo da origem europeia e da conformidade com as regras comunitárias de fabrico desse tipo de produtos. Opte sempre pelos produtos com a marca PT . Porto, 02 de Julho de 2009 A Direc��o da ANIL
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