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– 28-01-2004 |
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Companhia das Lezírias : Carvalhas contra privatização de "jóia da coroa"Santarém, 27 Jan Carlos Carvalhas disse, no final de uma reunião com o conselho de administração da Companhia das Lezírias (CL), na sede da empresa em Samora Correia, que a sua visita visou afirmar a importância da manutenção desta empresa sob a tutela do Estado, dada a sua função social e o seu papel para o desenvolvimento da agricultura portuguesa. Para Carvalhas, apesar da maior parte dos terrenos da companhia estar salvaguardada pela legislação, a proximidade de Lisboa será um factor de grande pressão para, concretizada a privatização, "o urbanismo, os empreendimentos e toda a especulação começar a criar excepções e desmembrar esta importante empresa". "A doutora Manuela Ferreira Leite tem dito que o que tem vendido não são os anéis, é o pechisbeque. Pergunto se isto não é um anel, uma jóia da coroa, se é vendendo os anéis e as jóias da coroa que se resolve o problema do défice?", questionou. O PCP prosseguirá a luta, "com as populações, os autarcas, os eleitos, na Assembleia da República", para mostrar que a decisão do Governo "é um erro". O presidente do conselho de administração da CL, Salter Cid, afirmou desconhecer ainda de que maneira, quando e como o Ministério das Finanças tenciona proceder à privatização da empresa, princípio a que não se opõe e a que reconhece virtudes. Contudo, sublinhou, "é preciso haver algum cuidado" na preservação do papel que a Companhia das Lezírias vem desenvolvendo ao longo de muitos anos e ter "algumas garantias de que a utilização do uso dos solos continuará a fazer-se com características de agricultura e de preservação ambiental". Por outro lado, declarou-se convicto de que a função social da CL, de que o complemento de pensões para os trabalhadores é um exemplo, não será posta em causa. A Companhia das Lezírias, uma área de 17.000 hectares de terrenos resultantes de amortizações de bens da Igreja e de património da nobreza depois da revolução liberal, foi nacionalizada em 1975. Cerca de metade da sua área está abrangida pela Reserva Natural do Estuário do Tejo e na outra metade encontra-se a maior mancha contínua de montado de sobro e azinho do Sul do país. Emprega actualmente centena e meia de pessoas e tem vindo a dar lucro, que reverte não só para os cofres do Estado mas também para a preservação do seu património e para a criação de infra-estruturas que permitem o seu usufruto pela população e o desenvolvimento de técnicas de ponta na área agrícola. Em Novembro, o ex-ministro da Agricultura socialista Capoulas Santos, também numa acção contra a privatização da empresa, afirmou que uma avaliação feita em 1995, quando o PS encontrou a CL na lista de empresas a privatizar, apontava para valores na ordem dos 150 milhões a 200 milhões de euros.
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