Comemora-se amanhã, dia 17 de janeiro, o dia do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), instituição criada em 2012 e resultante da integração de diferentes organismos, numa lógica de interface oceano/atmosfera.
Num contexto de crescente evidência de alterações climáticas, as comemorações integram um debate com reputados especialistas, sobre o nexus oceano/clima, num período que tem vindo a ser designado por “Novo Normal” e marcado por fenómenos climáticos extremos, secas prolongadas e fogos rurais intensos, bem como pelas alterações ao nível na dinâmica global do Oceano, no ambiente marinho, na subida do nível médio das águas do mar, na biodiversidade e recursos marinhos.
Portugal, no seu todo, incluindo as Regiões Autónomas, está particularmente exposto a estes fenómenos, pelo que o domínio da previsão e monitorização tem uma dimensão crítica para a salvaguarda de pessoas e bens, sendo ainda fulcral para uma boa gestão dos recursos e apoio às políticas públicas no âmbito da prevenção e boa governança da nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE), apoiado em sólido conhecimento científico, como compete a um Laboratório de Estado e de referência.
O IPMA, com relevante apoio dos investimentos no Plano de Recuperação e Resiliência, dos EEA Grants e dos Programas Mar 2020 e 2030, tem vindo a modernizar-se substantivamente.
No domínio da previsão, esta modernização constata-se através da instalação de radares de nova geração a cobrir o território do continente e das regiões autónomas, aumentando a capacidade de previsão de fenómenos extremos localizados com grande precisão, o que permite, por exemplo, uma análise prévia de risco de incêndio rural. Simultaneamente, em articulação com os Governos das Regiões Autónomas e gozando da posição geoestratégica atlântica, está a ser preparado o lançamento de um Observatório Climático para o Atlântico (Açores, Ilha Terceira) e um Observatório Geomagnético na Madeira, sendo ainda de relevar os desenvolvimentos científico-tecnológicos na área de previsão de tsunamis.
No mesmo sentido, o reforço na modelação e acompanhamento da evolução dos recursos vivos marinhos, o apoio à aquacultura e à biotecnologia marinha, através também da rede de Hubs Azuis, dos laboratórios colaborativos e da transferência da tecnologia para o setor privado, tem contribuído muito significativamente para o sucesso e crescimento económico da fileira da pesca, para a sua modernização e sustentabilidade e valorização das exportações. Realce-se ainda o reforço da capacidade científica e tecnológica, com nova instrumentação no Navio de Investigação Mário Ruivo, novos laboratórios e geradores de maior capacidade, na preservação do património dos recursos genéticos marinhos.
Em consonância com a modernização técnica e instrumental tem o IPMA apostado no reforço da valorização e reconhecimento dos seus recursos humanos que, num processo de estreitamento de laços colaborativos com o tecido científico e tecnológico, apresentam reforçadas condições para contribuir em vários domínios da sociedade, em linha com os objetivos da Década das Nações Unidas das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), garantindo, dessa forma, um melhor apoio às políticas públicas e à boa governança, como é missão do IPMA.
O artigo foi publicado originalmente em IPMA.
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