Cerca de 90% das 42 espécies de aves de rapina africanas examinadas num estudo hoje divulgado estão em declínio, e mais de dois terços podem ser classificadas como estando globalmente ameaçadas.
A investigação, liderada pelo cientista Phil Shaw, da Universidade de St. Andrews, e por Darcy Ogada, do The Peregrine Fund, compara contagens de levantamentos de campo efetuados em quatro regiões africanas com intervalos de aproximadamente 20-40 anos e mostra padrões de mudança na abundância de espécies de aves de rapina das savanas.
As conclusões são que as espécies de aves de rapina de grande porte sofreram declínios significativamente mais acentuados do que as espécies mais pequenas, particularmente em terras não protegidas, onde são mais vulneráveis a pressões humanas.
Segundo o estudo, é pouco provável que as espécies de águias e abutres grandes persistam em grande parte das terras desprotegidas do continente até à segunda metade do século XXI.
A investigação também destaca declínios acentuados entre as aves de rapina atualmente classificadas como “menos preocupantes” na Lista Vermelha Mundial de Espécies Ameaçadas, que incluem espécies endémicas africanas, como a águia de Wahlberg, a águia-falcão africana, a águia-de-crista, a águia-perdigueira africana e a águia-cobreira castanha, bem como o açor canoro. Todas estas espécies registaram um declínio a um ritmo que sugere que podem estar agora globalmente ameaçadas.
Várias outras espécies de aves de rapina familiares e comuns são agora raras ou inexistentes em terras não protegidas. Estas incluem a águia marcial e a águia planadora.
“Desde a década de 1970, grandes áreas de floresta e savana foram convertidas em terras agrícolas, enquanto outras pressões que afetam as aves de rapina africanas também se intensificaram”, explicou Phil Shaw.
O investigador sustenta, em comunicado que “prevendo-se que a população humana duplique nos próximos 35 anos, a necessidade de expandir a rede de áreas protegidas em África, e de atenuar as pressões sobre as áreas não protegidas, é maior do que nunca”.
Outros perigos para as aves de rapina são a perseguição por parte de pastores, caçadores furtivos e agricultores, mas também o envenenamento não intencional, a eletrocussão em postes de eletricidade e a colisão com linhas elétricas e turbinas eólicas, bem como o abate para fins alimentares e crenças.