A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) distingue hoje como Personalidade do Norte 2024 o enólogo João Nicolau de Almeida, pelo percurso “transformador na vinha em Portugal e no Douro”, explicou hoje o presidente.
“João Nicolau de Almeida foi um dos primeiros profissionais a abordar a enologia e a vitivinicultura a partir de uma abordagem científica, aliando o conhecimento científico ao conhecimento tradicional, sendo autor de vinhos de grande nomeada, explicou à Lusa António Cunha, presidente da CCDR-N, a propósito do prémio que vai hoje ser entregue no Fórum Regional “Europa Pós-2027: Quo Vadis?”, em Guimarães, distrito de Braga.
Com o galardão, a CCDR-N quis também prestar “o tributo a todo o setor agrícola e vitivinícola”, acrescentou o responsável.
António Cunha assinala também que João Nicolau de Almeida “foi decisivo no aparecimento dos vinhos do Douro de mesa, os vinhos do Douro DOC, que hoje o Douro produz”, apresentando um “percurso notável”.
No ‘site’ oficial do enólogo, indica-se ser necessário, para compreender o contributo na “modernização e desenvolvimento da vitivinicultura da região do Douro”, “recuar à década de 70 do século XX quando ainda se ouvia o chiar de carros de bois transportando pipas para os barcos rabelos”.
“Nessa altura, maioria das Casas de Vinho do Porto estavam em Gaia, longe do Douro, das vinhas, e a profissão de enólogo como a conhecemos hoje ainda não existia em Portugal”, refere.
Em 1970, João Nicolau de Almeida vai “estudar enologia em França (Dijon e Bordeaux), com alguns dos nomes mais relevantes da área, tais como Émile Peynaud, Jean Ribéreau Gayon, entre outros”.
“Entusiasmado por todo o conhecimento científico entretanto adquirido, inicia o seu percurso em 1976, na Casa Ramos Pinto como Diretor de Enologia e Viticultura. Encorajado pelo seu tio, José António Ramos Pinto Rosas, então administrador da Casa e com um grande conhecimento da viticultura duriense, inicia uma série de estudos vitivinícolas”, refere.
Em 1981, são apresentados os resultados de um estudo de castas, “selecionando cinco tintas e três brancas que consideravam ser as mais apropriadas para a produção de vinho do Porto, mas também para vinho seco, vinho do Douro: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Barroca, Tinta Roriz, e Tinto Cão e brancas Rabigato, Viozinho e Arinto”.
“Esta seleção, mais tarde, foi amplamente adotada pela região”, diz.
Já em 1990, João “lança o primeiro vinho tinto seco da Ramos Pinto, o Duas Quintas, um dos primeiros a abrir portas para uma nova era do Douro” e, em 1994, lança o Duas Quintas branco.
“Torna-se assim num precursor da modernização da vitivinicultura duriense, acumulando uma série de distinções a nível nacional e internacional”, sendo Doutor Honoris Causa pela Universidade de Vila Real, Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola da República Portuguesa, Cavaleiro da Ordem de Mérito Agrícola da República Francesa, entre outras.
No ano 2000, conjuga as funções de Diretor de Enologia e CEO da Casa Ramos Pinto, reformando-se em 2017.